A sigla PCD vem ganhando espaço em reportagens, publicações nas redes sociais, apresentações corporativas e até mesmo em identificações pessoais. 'Fulano de Tal (PCD)' surge nos perfis de pessoas com deficiência, principalmente quando se trata do acesso ao trabalho ou do comércio de produtos específicos.
O mercado automotivo é o exemplo mais direto. A frase 'Vendas especiais PCD' estampa anúncios das montadoras, que sabem muito bem como as isenções de IPI, ICMS e IPVA são atrativas e mantiveram o caixa de muitas dessas empresas no azul, inclusive nas fases mais críticas da crise financeira que atinge nosso País.
No ambiente corporativo, tornou-se quase um crachá. 'Vagas PCD' aparecem em páginas de consultorias de RH, em textos sobre a Lei n° 8.213/1991, a conhecida Lei de Cotas, em palestras, seminários e debates.
PCD para identificar a pessoa com deficiência é abominável, a desumanização máxima, a destruição do entendimento sobre o que significa ter deficiência e conviver com impedimentos mantidos pela sociedade e seus preconceitos.
Contradiz tudo o que estamos conquistando com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (n° 13.146/2015) e nos arremessa de volta à cela onde a discriminação e o desconhecimento nos acorrentam.
Essa horrorosa nomenclatura, PCD, é a transformação da pessoa em produto, em item de série fabricado com defeito. É a referência exclusiva à deficiência, com a eliminação da persona e a extinção do indivíduo.
Apontar uma pessoa e identificá-la como PCD é uma agressão. Escancara, mais uma vez, a absoluta ausência de compreensão sobre o ser humano, todos os seres humanos, e suas imperfeições.
PCD é abominável porque afunda a pessoa em sua condição, reduz nossa complexidade a uma característica, restringe nosso universo pessoal ao que não podemos executar.
Sou uma pessoa com deficiência e não aceito, jamais, ser resumido, reduzido, simplificado, encapsulado numa corruptela preconceituosa, discriminatória, excludente e, acima de tudo, estúpida.
PCD é a PQP!!!
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