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Diversidade e Inclusão

Brasil tem a cidade mais inclusiva no surfe

Episódio 112 da coluna Vencer Limites, que vai ao ar toda terça-feira, às 7h20, ao vivo, no Jornal Eldorado, da Rádio Eldorado (FM 107,3 SP).

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Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura
Cisco Araña é o idealizador do projeto.  


O município de Santos, no litoral sul de SP, foi escolhido o mais inclusivo da Rede Mundial de Cidades do Surfe (World Surf Cities Network), instituição que reúne várias localidades em 12 países (África do Sul, Austrália, Brasil, Chile, Equador, Espanha, França, Ilhas Canárias, País Basco, Peru, Portugal e Nova Zelândia).

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É um reconhecimento ao trabalho do professor Cisco Araña, criador e coordenador da Escola de Surfe Adaptado e da Escola Radical de Surfe, equipamentos inaugurados em 1993. Ele recebeu os dois troféus na semana passada em Viana do Castelo (Portugal).

É a primeira vez que a World Surf Cities Network faz essa premiação. Santos já recebeu duas edições da conferência da Rede Mundial de Cidades do Surfe.


Cisco Araña recebeu o prêmio em Portugal.  


Troféus estão expostos na sede do projeto.  


"O surfe acalma e melhora a concentração, fortalece as relações entre as pessoas e as amizades", diz Valderiz Gomes Mariano, mãe de Anderson Mariano, de 38 anos, sobre os benefícios que a atividade trouxe para seu filho. Ele tem síndrome de Down e começou a surfar dez anos atrás, quando conheceu o professor Cisco Araña. Anderson é um dos 80 alunos inscritos na Escola Radical de Surfe Adaptado de Santos.

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A atual sede da escola, aberta em janeiro de 2020 na Praia do Gonzaga (Posto 3), é a primeira instalação do tipo no mundo, um projeto idealizado pelo professor Cisco Araña que começou a ser construído em 2017, a partir de uma parceria entre a Prefeitura e a Blue Med Saúde.


Escola Radical de Surfe Adaptado de Santos funciona no Posto 3, na praia do Gonzaga.  


Para Enzo Todini, de 13 anos, que tem paralisia cerebral e síndrome de West, o surfe foi uma ruptura que provocou evolução física e social. "O contato com o mar, os exercícios e os estímulos, tudo isso ampliou a sociabilidade", diz Itália Todini, mãe do menino.

Um dos principais diferenciais da Escola Radical de Surfe Adaptado de Santos é um espaço interno para ser usado quando não for possível entrar no mar, por causa de mudanças climáticas, do tamanho das ondas, das chuvas ou dos ventos muitos fortes, de trovoadas e outras situações.


Enzo Todini, de 13 anos, que tem paralisia cerebral, é aluno da escola inclusiva de surfe em Santos.  


As pranchas desenvolvidas pelo professor Cisco Araña funcionam como soluções individuais para cada aluno, considerando de que maneira as deficiências modificam a relação desse alunos com os equipamentos.

"Temos três pranchas com dez adaptações para pessoas com deficiência visual. São recursos táteis que dão referência para o posicionamento das mãos e dos pés", explica o professor. "Isso começou a ser elaborado a partir da chegada do Val (Valdemir Pereira, de 50 anos, primeiro surfista cego do Brasil), por volta de 1995", conta Araña.

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"Em 2014, começaram a surgir pessoas com outras deficiências, além da visual, e essas pranchas não eram acessíveis para esse novo grupo. Então, criamos uma prancha multifuncional, com adaptações muito simples, um deck adaptado no qual você coloca sistemas específicos, que não eliminam os outros recursos, e que pode ser usado por duas pessoas juntas", descreve Cisco Araña.

Os materiais aplicados nas adaptações têm baixo custo. São feitos principalmente em E.V.A. (Ethylene Vinyl Acetate ou Etileno Acetato de Vinila), com formatos e cortes direcionados às pranchas, além do famoso 'macarrão de piscina', feito de polietileno, um tipo de plástico atóxico, leve, flexível e impermeável.


Anderson Mariano e Diego têm síndrome de Down e frequentam as Escola Radical de Santos.  




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