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Diversidade e Inclusão

Os discursos e os fatos

Episódio 81 da coluna Vencer Limites na Rádio Eldorado FM (107,3), que vai ao ar toda terça-feira, às 7h20, ao vivo, no Jornal Eldorado.

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Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura
Enfermeira autista acusa o Emílio Ribas de sabotar sua contratação.  


Neste 81º episódio da coluna Vencer Limites na Rádio Eldorado FM (107,3), novas informações sobre a rejeição do IE Emílio Ribas a uma enfermeira autista.


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Nos debates, eventos, seminários, palestras, treinamentos e qualquer atividade sobre inclusão no trabalho, tem uma máxima que se repete: 'Empresas e instituições públicas e privadas querem cadeirante que anda, surdo que escuta e cego que enxerga'.

Essa frase denuncia a prioridade das empresas e instituições para a contratação da pessoa com deficiência que não incomoda, que exige quase nenhum recurso de acessibilidade, que não precisa de apoio, mas serve para reforçar a imagem de local inclusivo e ainda é usada como personagem em ações de marketing.

Exemplo dessa prática é o caso do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, denunciado pela enfermeira Isabelle Quedas Gadelho, de 24 anos, autista, aprovada em concurso, mas considerada inapta após uma perícia do DPME, o Departamento de Perícias Médicas do Estado (leia reportagem exclusiva sobre o caso)

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Isabelle acusa o hospital e o DPME de sabotagem e capacitismo para impedir sua contratação. Ela foi submetida a uma prova oral, não prevista no edital, e foi avaliada por um grupo que não tinha especialista em autismo, o que contraria o próprio edital do concurso.

Em áudio enviado exclusivamente ao blog Vencer Limites, Isabelle afirma que se sentiu "um lixo incapaz de fazer o próprio trabalho".



A família da enfermeira está tomando todas medidas legais para garantir que esse processo seja realmente justo. E avalia a possibilidade de registrar um boletim de ocorrência na 1ª Delegacia da Pessoa com Deficiência de SP.

O IE Emílio Ribas tenta impor o discurso sobre os fatos e se isentar de qualquer responsabilidade nesse caso, insistindo que a decisão é apenas do DPME, inclusive batendo boca no Instagram com leitores e ouvintes que comentaram o caso, mas o próprio governo de SP derrubou essa alegação porque, quando questionei individualmente o hospital, a Secretaria de Saúde, a Secretaria da Pessoa com Deficiência e o próprio executivo, a resposta oficial foi enviada pela Secretaria de Gestão, em nome de todos os envolvidos.

Além disso, o blog Vencer Limites teve acesso ao documento da perícia que rejeitou a jovem autista, e esse documento tem assinatura de uma enfermeira do Emílio Ribas, participante dessa perícia e que concordou com a decisão.

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Questionado, o Emílio Ribas respondeu por email. "Reiteramos que a palavra final sobre o laudo da perícia não é do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Esclarecemos que representantes da nossa equipe de enfermagem participaram apenas da pré-avaliação. Esta participação limitou-se a ler, uma a uma, as atribuições previstas em edital e tomar nota de todas as manifestações autodeclaradas pela própria candidata. As etapas da avaliação estão previstas no edital publicado em 26/10/2022 para todos os candidatos auto-declarados Pessoas com Deficiência. Desta mesma forma, de 8 candidatos, pessoas com deficiência, aprovados no concurso de enfermagem, 6 foram considerados aptos, dentre eles um com TEA", diz.

O fato é que Isabelle foi uma das melhores alunas da faculdade de enfermagem que cursou (ela se formou na Unicid em 2020), se tornou referência de conteúdo e conselheira de aprendizado dos colegas. E, nessa época, nem ela e nem a família sabiam com certeza que a jovem é autista, porque esse diagnóstico não havia sido confirmado.

Já formada, antes de saber que é autista, em dezembro de 2021, Isabelle foi aprovada em um concurso da prefeitura de Guarujá, no litoral de SP, para trabalho temporário de um mês, durante janeiro de 2022, e não foi na condição de pessoa com deficiência porque ela não tinha nenhum laudo.

O fato é que Isabelle foi massacrada em um interrogatório que inverte a proposta da inclusão e reduz essa jovem autista às suas dificuldades, que ela não escolheu ter e não consegue controlar.

O que sequer foi considerado na avaliação sobre a enfermeira e o trabalho no IE Emílio Ribas foram as metodologias de emprego apoiado, apesar da Lei nº 17.645/2023, que institui a Política Estadual de Trabalho com Apoio para Pessoas com Deficiência, publicada na primeira página do Diário Oficial de São Paulo de 8 de março.

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A avaliação biopsicossocial da pessoa com deficiência é correta e tem de ser feita, exatamente para identificar dificuldades e aptidões dessa pessoa, mas jamais para usar as deficiências como critério de seleção e exclusão. A função dessa avaliação é dar informações à instituição, à empresa, para que sejam determinadas e aplicadas as ferramentas que vão permitir a essa pessoa com deficiência exercer sua função.

Para que um programa de inclusão no trabalho seja correto e bem estabelecido, bem estruturado, é essencial organizar a situação e apresentar recursos de acessibilidade, que ficam à disposição da pessoa que ela possa trabalhar.

Se uma pessoa em cadeira de rodas for convocada para trabalhar em um prédio sem elevador, o problema não é a deficiência nem a cadeira de rodas, o problema é a falta de um elevador.

Existem muitas instituições que aplicam metodologias de emprego apoiado, inclusive o Instituto Jô Clemente (IJC), provavelmente um dos mais competentes e experientes nesse setor, e que já trabalha na estrutura do governo de SP, responsável pelas equipes de atendimento especializado à população com deficiência em algumas delegacias na capital, no interior e no litoral.

Nesta terça-feira, 28, Isabelle será submetida a uma nova avaliação pelo DPME.

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