É um posicionamento firme. Não sou o mero resumo das minhas condições físicas e, sendo assim, jamais vou usar essa sigla horrorosa, 'PCD', para identificar pessoas com deficiência.
A questão é a evolução do conhecimento sobre nossas temáticas e de que maneira precisamos, ainda, impor nossa presença em debates e eventos, mesmo quando a pauta é a diversidade e a conversa seria a respeito da inclusão.
Não há inclusão genuína e real diversidade quando a pessoa com deficiência não faz parte, e temos sido constantemente ignorados em discussões, encontros, fóruns, seminários e qualquer outra atividade supostamente diversa e inclusiva.
A transversalidade dos temas é um fato e a pessoa com deficiência está em todos os grupos, mas invisível. Faça uma varredura nos eventos somente deste ano e comprove esse cenário. Mesmo nas ações oficiais do poder público, em todas as esferas, não temos protagonismo, exceto quando o assunto central da iniciativa é a população com deficiência, o que repete uma dinâmica antiga de falarmos somente entre nós e nunca quebramos a redoma que nos esconde.
A identificação 'PCD' se impregnou, não é uma criação nossa, ao contrário, foi carimbada em nossas testas pelo universo corporativo, mas aceita sem reação ou uma mínima reflexão sobre suas implicações e o retrocesso que representa. É, na minha avaliação, o resultado de uma autoestima enfraquecida e de uma enorme necessidade de ser aceito, mesmo que para isso seja preciso engolir a própria identidade.
É urgente dar muito mais visibilidade à pessoa com deficiência, mas absolutamente sem o viés capacitista, estigmatizador e estereotipado do 'PCD', sigla que perpetua uma construção abominável, ratifica a derrota silenciosa de nossas conquistas e, principalmente, nos transforma exatamente naquilo que outros entendem sobre nós.
'PCD' é a certeza absoluta de que jamais seremos pessoas.
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