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Pessoas com deficiência visual buscam na leitura diária mais conhecimento e novas sensações, mas a falta de recursos específicos de acessibilidade para esse público ainda é uma grande barreira. É o que destaca a pesquisa sobre leitura e acessibilidade feita pelo Datafolha e apresentada nesta semana pela Fundação Dorina Nowill para Cegos no I Encontro com Editoras, em São Paulo.
O estudo ouviu pessoas de todo o País entre 2 de julho e 3 de agosto. Entre os entrevistados, 57% das pessoas cegas ou com baixa visão têm interesse pela leitura, 39% costumam ler todos os dias e 71% sentem prazer nessa atividade. O hábito foi apontado como fonte de lazer, para sonhar, conhecer sensações, viajar na história, imaginar e ampliar visões e experiências sem sair de casa.
Para acessar os livros, 79% dos leitores usam recursos tecnológicos, 66% preferem audiolivros e ou leitores de tela. O braile é utilizado por 34% dos leitores.
A pesquisa ressalta que as pessoas com deficiência visual estão em constante busca por alternativas à falta de visão, como descrições e contextualizações, que ajudam a compreender as sensações obtidas por meio da observação visual.
Muitos títulos são publicados apenas em formato digital ou com áudio, o que reforça o uso de leitores de tela em smartphones e tablets, inclusive para acessar artigos, reportagens, as redes sociais ou aplicativos de mensagens.
Livros didáticos adaptados fazem falta para 19% dos entrevistados e 80% das pessoas com deficiência visual entrevistadas costumam ler ou acessar conteúdos de jornais, revistas e artigos.
EDITORAS CRIAM BARREIRAS - A pesquisa mostra que editoras de livros não têm interesse em recursos de leitura acessível. Apenas 25% dos entrevistados atribuíram afirmaram ter facilidade de encontrar livros didáticos, enquanto 61% disseram que essa oferta é restrita.
MITOS DERRUBADOS - "O estudo do Datafolha desmistifica a ideia de que pessoas cegas ou com baixam visão não podem ler, além de mostrar que a literatura desperta o interesse das pessoas com deficiência visual ou baixa visão, e que existem várias formas de ler", diz Alexandre Munck, superintendente da Fundação Dorina Nowill para Cegos.
A instituição tem a maior gráfica para impressões em braile na América Latina (uma das maiores do mundo), com capacidade para 450 mil páginas por dia.
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