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Diversidade e Inclusão

Tá liberado ofender gente com deficiência?

Troque a pessoa com deficiência da metáfora por 'é uma viadagem', 'coisa de preto', 'papo de mulher', 'plano de índio' ou 'tá de bixisse' e responda.

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Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura

Gritamos no vazio, mas continuamos, porque é inaceitável o pisoteamento deliberado das questões básicas, urgentes, das temáticas essenciais das pessoas com deficiência, e o destaque somente quando usadas de forma metafórica, como alegoria negativa para criticar algo ou alguém, especialmente o poder público.

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Tá liberado ofender gente com deficiência, ignorar sistematicamente o significado de termos como "diálogo de surdos", "cego em tiroteio", "manco falando do coxo", e enfiar goela abaixo da sociedade a displicência no tratamento dessas questões? Não tem ao menos um ser iluminado que pare um segundo para refletir sobre isso e sugerir alguma mudança?

A maneira mais simples de explicar é: troque a pessoa com deficiência da metáfora por 'é uma viadagem', 'coisa de preto', 'papo de mulher', 'plano de índio' ou 'tá de bixisse' e responda: você realmente acredita que está tudo bem?

Discussões sobre diversidade resultam em autoaplausos e aquela habitual ladainha sobre a evolução da sociedade, mas o povo com deficiência permanece no etcetera e sempre sai de graça ser ignorante a respeito disso, afinal, who gives a shit?

Essas parábolas ainda usadas por pensadores, e reproduzidas pela imprensa sem mínima análise, são mais prejudiciais à compreensão sobre ter deficiência do que, por exemplo, os shows do comediante Leo Lins e suas chacotas das condições humanas diversas.

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É algo que cria em mim expectativas de uma reação contundente das pessoas e das instituições que defendem o povo com deficiência, mas a questão não é do estrago que uma ação ou afirmação podem gerar e, sim, do quanto famoso é o autor, palestrante, influenciador, pensador, jornalista ou veículo de notícias.

Costuma-se justificar tal analogia, diálogo de surdos, com explicações linguísticas já estabelecidas, sempre olhando para trás e ratificando o termo com argumentos do passado. Eu proponho observar o momento atual e olhar para o futuro, com ênfase no respeito e no conhecimento atingido hoje e ampliado amanhã.


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