Tiktok, Instagram e WhatsApp: estudo revela quais as redes mais usadas pelas crianças

Entre crianças e adolescentes, quase nove em cada dez têm perfis em redes sociais, segundo pesquisa

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Por Raisa Toledo

Nas ruas, em casa e nas escolas, não é difícil ver crianças e adolescentes com os olhos grudados no celular. Uma pesquisa com cerca de 2,6 mil crianças e adolescentes mostra como essa faixa etária está muito conectada - e cada vez mais cedo. Do grupo entre 9 e 10 anos, 92% já estavam conectados à internet em 2021, ante taxa de 79% identificados em 2019. 

WhatsApp, Instagram e o TikTok são as redes sociais mais utilizadas pelos jovens de 9 a 17 anos Foto: Pixabay

O WhatsApp (80%), o Instagram (62%) e o TikTok (58%) são as redes sociais mais utilizadas pelos jovens de 9 a 17 anos. O TikTok já superou Instagram e Facebook na faixa até 14 anos; já entre adolescentes dos 15 aos 17 anos, o Instagram ainda fica bem à frente do TikTok (52%, ante 21%). Os dados são da pesquisa TIC Kids Online, divulgados pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil nesta semana. 

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Enquanto 88% dos usuários de internet do grupo entre 9 e 17 anos têm perfis em redes sociais, o uso das plataformas (78%) é a terceira atividade mais comum realizada por eles na internet: atrás de assistir vídeos, filmes ou séries (84%) e enviar mensagens instantâneas (79%). Em seguida, vêm as pesquisas para atividades escolares (71%) e os jogos on-line conectados com outros jogadores (66%).

Busca por ajuda emocional e publicidade online

Das crianças e adolescentes de 11 a 17 anos entrevistados pelo estudo, 32% afirmaram ter usado a internet para buscar ajuda para lidar com algo ruim que vivenciaram ou conversar sobre suas emoções. A internet também foi usada para buscar informações sobre alimentação saudável e dietas (55%); sintomas, prevenção e tratamento de doenças (38%); exercícios e dicas para entrar em forma (36%) e para pesquisar ou discutir questões relacionadas à sexualidade, como educação sexual ou saúde sexual. 

Conforme o Estadão já mostrou, o acesso de crianças e adolescentes às redes sociais também tem impulsionado a busca pela magreza cada vez mais precoce. Isso tem preocupado médicos, nutricionistas e psicólogos, que alertam para os riscos de anorexia e bulimia. Segundo especialistas, definir limites de uso e ensinar os filhos sobre como navegar nas redes sociais são medidas que podem ser adotadas pelos pais. 

A pesquisa também coletou informações sobre a divulgação de produtos ou marcas a que os entrevistados de 11 a 17 anos haviam sido expostos nos últimos 12 meses. Do total, 81% deles tiveram contato com publicidade de produtos ou marcas, que acontece majoritariamente (em 67% dos casos) em plataformas de vídeo. Além de serem expostos a esse tipo de conteúdo, os adolescentes também interagem com ele; seguindo o produto ou marca nas redes sociais, curtindo, comentando e compartilhando posts.

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As formas de divulgação publicitária mais comuns são imagens ou vídeos de pessoas ensinando a usar um produto (62%); abrindo embalagens, no conhecido unboxing (61%); mostrando produtos recebidos por marcas (54%) e fazendo desafios ou brincadeiras com a mercadoria (53%).

Uso adequado

Para Luísa Adib, coordenadora da pesquisa pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), a exposição das crianças ao universo das redes sociais e da internet não deve ser categorizada como essencialmente boa ou ruim. As oportunidades e os riscos que vêm com esse mundo on-line seriam, segundo ela, faces da mesma moeda.

“Assim como abre espaço para a socialização, pode ser que essa socialização seja com um desconhecido, e isso pode incorrer em riscos, em contato com conteúdos sensíveis como o que fazer para ficar muito magro ou como cometer suicídio. Vai depender das habilidades que a criança tem para lidar com essas informações”, pontua.

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As habilidades a que ela se refere, consideradas na pesquisa, são conhecimentos que podem aumentar a segurança no uso da internet. Usar verificação de duas etapas para login, alterar as configurações de privacidade das redes sociais, excluir e bloquear conteúdos ou perfis indesejados e verificar a veracidade de uma informação encontrada on-line são algumas delas.

Por mais paradoxal que pareça, é justamente o uso contínuo da internet e de suas possibilidades que permite que essas habilidades se desenvolvam, de acordo com Luísa. Por isso, adolescentes acima dos 15 anos são os que mais demonstraram possuir esses conhecimentos durante a realização do estudo. Mas esse processo pode ser favorecido com o estímulo e a mediação adequados: “Atores como a escola, os pais, os responsáveis e as próprias indústrias no desenvolvimento de seus produtos também são responsáveis por orientar, promover o desenvolvimento de habilidades de crianças e adolescentes e incentivar uma participação crítica nesses ambientes”, explica.

O Cetic, que faz parte do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), conta com alguns indicadores de mediação que podem ser usados como parâmetro pelas famílias que se preocupam com os conteúdos acessados pelos jovens.

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Dicas para famílias sobre uso adequado dos equipamentos e internet

  • Ajudar quando a criança não entender o que está fazendo ou em que está clicando;
  • Explicar que alguns sites podem ser bons e outros podem ser ruins e conversar sobre isso;
  • Ensinar a se comportar na internet com outras pessoas, o que pode e o que não pode ser postado;
  • Ajudar ou explicar o que fazer quando algum conteúdo incomoda ou chateia a criança;
  • Verificar os amigos que são adicionados e as pessoas com quem se relaciona;
  • Conversar sobre os sites visitados e o que é feito nos momentos de uso da internet.

Luísa Abid ressalta que as evidências obtidas pelo estudo apontam que ações de mediação pautadas pelo diálogo se mostram mais efetivas. “Sentar com a criança ou adolescente e buscar conhecer o que é realizado on-line é o melhor caminho. Mais do que as medidas restritivas, que proíbem alguma atividade, porque a proibição não permite o desenvolvimento de habilidades. A mediação ativa oferece capacitação para que essa criança ou adolescente esteja mais protegido nesse ambiente”, conclui.

Família

A porcentagem de usuários que usam a internet para jogar on-line com outros jogadores aumentou 9% desde 2019. É o caso de Sofia Mopi, de 8 anos, que já tem experiência em jogar com amigas da mesma idade enquanto elas conversam por chamadas de vídeo. Os jogos são também uma forma de ficar próxima da irmã mais velha, que mora em outro Estado, e o preferido da menina, Roblox, é uma plataforma em que cada jogador pode criar seu próprio mundo virtual e interagir com os dos outros milhares de usuários.

Passar as horas nas chamadas para os jogos e explorar a internet em perfis criados para ela pelo irmão mais velho estão entre as atividades às quais Sofia dedica grande parte de seu tempo. “Eu adoro as redes sociais porque faço muitas coisas nelas, tem tudo que eu mais preciso", justifica. Quando fala de redes sociais, se refere à internet de forma geral e, entre esses conteúdos que adora, estão vídeos de gameplay, plataformas de streaming, aplicativos de troca de mensagens e informações sobre bonecas.

O pai de Sofia, o médico Cristóbal Mopi Soliz, busca controlar o tempo passado diante das telas, diante do impacto que acredita que ele pode ter para o rendimento escolar da filha. Mas essa não é sua única preocupação. “É difícil para os pais controlarem tudo que se passa na internet. As crianças cada vez menores já estão com celulares, tablets, e podem encontrar pessoas mais velhas e mal intencionadas. É sempre um risco”, relata.

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No entanto, ele enxerga aspectos positivos da presença das crianças nos ambientes virtuais: “Existem conteúdos educativos sobre idiomas, animais, ciência, tem esse outro lado. Mas geralmente as crianças gostam mais de outras coisas, mais de jogos”, relata.

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