Existem pelo menos seis tipos de amor e cada um deles ativa uma região diferente do cérebro humano. É o que revela um grande estudo feito a partir de imagens do cérebro e publicado em agosto, na última edição do jornal científico Cerebral Cortex.
Pesquisadores finlandeses apresentaram diferentes cenários para 55 voluntários – todos eles vivendo uma relação amorosa e com filhos. A equipe usou exames de ressonância magnética para analisar a atividade cerebral dos participantes ao ouvirem histórias relacionadas a seis diferentes tipos de amor: romântico, parental, fraternal, por desconhecidos, por animais de estimação e pela natureza.
Alguns dos cenários apresentados aos participantes do estudo, por exemplo, envolviam o momento em que eles viram seus filhos pela primeira vez.
“Você olha para o recém-nascido pela primeira vez. O bebê é macio, saudável, apaixonante, a maior maravilha da sua vida. Você sente amor pelo pequeno”, foi uma das situações apresentadas pelos pesquisadores.
A ativação que ocorre no cérebro no momento em que ouve essa história é comparada a de quando é apresentada uma história considerada neutra; caso em que a ativação é praticamente nenhuma.
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A resposta de atividade cerebral mais intensa acontece diante do amor pelos filhos, seguida de perto pelo amor romântico.
“No caso do amor romântico, há uma ativação de uma região profunda do cérebro no sistema de recompensa”, explicou o co-autor do estudo Parttyli Rinne, da Universidade de Aalto, na Finlândia, acrescentando que essa resposta tão intensa não foi registrada “para nenhum outro tipo de amor”.
Surpreendentemente, todos os tipos de amor entre pessoas ativam a mesma região do cérebro, independentemente do tipo de relacionamento. A diferença está na intensidade da ativação cerebral.
O amor solidário por pessoas desconhecidas, revela o estudo, produz uma ativação cerebral menos intensa do que a provocada pelo amor em relacionamentos mais próximos.
Já o amor pela natureza ativa uma parte do sistema de recompensa do cérebro e também áreas relacionadas aos registros visuais, mas não as regiões ditas sociais do cérebro.
Essas descobertas sugerem que a atividade cerebral em resposta a sentimentos de amor é influenciada não apenas pela proximidade, mas também pelo fato de se tratar de outro ser humano, uma outra espécie ou a natureza.
No caso dos donos de pets, quando os cientistas pediam que eles imaginassem estar passando um tempo em companhia de seu amigo peludo, áreas do cérebro associadas aos sentimentos de sociabilidade eram ativadas. Eram bem mais do que as ativadas quando se pensava na natureza.
“Nós oferecemos uma imagem mais completa da atividade cerebral relacionada a diferentes tipos de amor do que qualquer outra pesquisa feita anteriormente”, afirmou Rinne.
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