Anvisa proíbe propaganda e venda da vacina de rã

A chamada vacina do sapo é receita indígena que usa veneno da Philomedusa bicolor como medicamento

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a suspensão de toda propaganda sobre propriedades terapêuticas e medicinais da chamada vacina do sapo, feita à base de um fortíssimo veneno. Também está providenciando a proibição do comércio da substância. A agência considera que o paciente que consome o produto está sujeito a sérios danos à saúde. O veneno, usado pelos índios katukina, do Acre, para caçar e tratar doenças, está virando mania em Porto Velho, como prática de uma espécie de medicina alternativa. A substância é extraída na floresta da rã Philomedusa bicolor, o kambô. Com um fino cipó em brasa, o "sapeiro" queima a pele do paciente e põe o veneno. O funcionário público Aminadabe Lima de Souza, de 37 anos, disse que a reação dura dez minutos. "Quando tomei, senti quentura, taquicardia e dores. Mas estava com úlcera e sarei. Os médicos custaram a acreditar." Da selva para a cidade A vacina foi levada da selva para a cidade nos anos 60 pelo seringueiro Francisco Gomes Muniz, já falecido. Ele viveu com os katukinas e aprendeu com o pajé a identificar a rã, que sai da toca em noites chuvosas. Não se deve tocar nela. É preciso arrancar a casca da árvore onde está o kambô. Em lugar seguro, é preciso atiçar a rã, que expele uma espécie de espuma. A secreção é retirada e logo se cristaliza. Como há poucas rãs, elas são devolvidas à floresta. Além de usar a substância como remédio, os índios a colocam na ponta das flechas. Quando atingem um animal, a morte é quase imediata. Até agora não se tem registro de pacientes mortos nas mãos de algum "sapeiro". A vacina não é ministrada na corrente sanguínea.

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