A Nasa, agência espacial americana, voltou a cancelar a Missão Artemis I neste sábado, 3, após detectar um novo vazamento de hidrogênio líquido (que serve para resfriar os motores) durante o carregamento de um dos propulsores do foguete Space Launch System (SLS), no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, Estados Unidos. . O cancelamento foi confirmado pela agência às 11h17 do horário local, na Flórida (12h17, no horário de Brasília).
Em entrevista coletiva concedida à imprensa, os executivos da agência disseram que vão investigar as causas da falha técnica e descartaram uma nova tentativa de lançamento até a próxima terça-feira, 6, quando se encerra o atual período de lançamento. Embora não tenha ainda uma data definida, a Nasa estuda lançar o SLS em outubro.
A agência informou que o problema foi detectado, ao menos quatro vezes ao longo da manhã. Depois da terceira tentativa malsucedida de solucionar a falha técnica, o diretor do lançamento decidiu cancelar o início da missão.
“O diretor de lançamento dispensou a tentativa de lançamento do Artemis I de hoje aproximadamente às 11h17 EDT. As equipes encontraram um vazamento de hidrogênio líquido ao carregar o propulsor no estágio central do foguete do Sistema de Lançamento Espacial. Vários esforços de solução de problemas para resolver a área do vazamento, recolocando uma vedação na desconexão rápida, onde o hidrogênio líquido é alimentado no foguete, não resolveu o problema. Os engenheiros continuam a coletar dados adicionais”, escreveu a Nasa em seu site.
Após o anúncio, Bill Nelson, administrador da Nasa, minimizou o insucesso da nova tentativa e disse que os adiamentos de missões fazem parte dos negócios que envolvem o espaço. “Nós iremos quando estivermos pronto. Vamos testar esse escudo térmico (da nave Orion, localizada na ponta do foguete), e ter certeza de que está funcionamento antes de colocarmos quatro humanos no foguete”, disse em declaração para a TV da Nasa.
Horas depois, em entrevista coletiva concedida pela Nasa à imprensa na tarde de sábado, Nelson, ao lado de Jim Free e Mike Sarafim, também executivos da agência espacial americana, reforçou que o lançamento só vai acontecer quando “tudo estiver certo”. Jim Free descartou a possibilidade de fazer uma nova tentativa de lançar o Space Launch System até a próxima terça-feira, 6, quando encerra o atual período de lançamento.
Não há uma data definida ainda para uma nova tentativa de lançar o foguete ao espaço, mas há chances de acontecer entre os dois próximos períodos de lançamento, que começam em 19 de setembro e 17 de outubro. Mais cedo, ao canal da TV da Nasa, Bill Nelson disse que seria mais provável que o voo da Missão Artemis I volte a ser tentado em meados do mês que vem por conta de outras expedições previstas pela agência espacial.
Falha na segunda tentativa
Esta é a segunda tentativa em menos de uma semana da Artemis I. Na última segunda-feira, o voo foi adiado também por causa de um vazamento de uma linha de hidrogênio, que impediu o resfriamento de um dos quatro motores do SLS. Após ajustes ao longo da semana, a equipe de gerenciamento Artemis I deu o aval para a nova tentativa de lançamento.
John Honeycutt, gerente do programa que supervisiona o desenvolvimento do foguete Space Launch System, explicou durante a semana que, sem um resfriamento, o choque de temperatura dos propulsores superfrios poderia quebrar as peças metálicas do motor. Contudo, Honeycutt disse também que a leitura mais quente pode ter sido um erro do sensor.
Nos últimos dias, as equipes da missão se esforçaram para ajustar o que pode ter provocado o vazamento indesejado. Segundo a Nasa, as prováveis peças que foram a fonte da falha (uma mangueira flexível e uma linha de sensor de pressão alta) foram substituídas. Por precaução, os engenheiros do foguete reforçaram os cuidados de vedação para impedir um novo vazamento.
Neste sábado, a Nasa se planejou para iniciar o processo de resfriar os motores 45 minutos antes da contagem regressiva para dar tempo de alcançar as temperaturas adequadas para o lançamento.
Missão Artemis
A Artemis I servirá, como declarou Bill Nelson, para testar a nave Orion (localizada na ponta do foguete), que será lançada ao espaço e vai precisar aguentar a velocidade e a temperatura elevadas quando estiver retornando à Terra. A Orion é o local onde os astronautas vão se acomodar nas expedições tripuladas.
A expedição vai durar de cerca 37 dias, 23 horas e 53 minutos e não pretende pousar na Lua, apenas orbitá-la (girar ao redor). Outra proposta desta etapa é simular o trajeto que será percorrido no espaço e prever como as pessoas vão reagir à viagem – para isso, haverá manequins equipados com sensores que vão registrar níveis de aceleração, vibração e radiação.
Todo esse planejamento será colocado em prática com os astronautas em futuras expedições tripuladas: Artemis II, em 2024, e Artemis III, em 2025. Esta última pretende levar, pela primeira vez na história, uma mulher e uma pessoa negra em solo lunar. A agência aposta que uma nova chegada à Lua será um caminho para o envio de astronautas para Marte./ Com agências internacionais
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