Artemis I: Orion, cápsula lançada por foguete da Nasa, conclui primeiro sobrevoo próximo à Lua

Espaçonave passou cerca de 130 quilômetros da superfície lunar, um marco na missão de devolver os humanos ao satélite natural da Terra

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Por Letícia França
Atualização:

A cápsula Orion, transportada como parte da missão Artemis I, da agência espacial norte-americana, Nasa, completou o seu primeiro sobrevoo próximo à Lua nesta segunda-feira, 21, cinco dias desde o lançamento do foguete não tripulado. A espaçonave passou cerca de 130 quilômetros da superfície lunar, um marco na missão de devolver os humanos ao satélite natural da Terra. Essa é a menor distância que a Orion chegará da Lua antes de entrar em uma ‘órbita retrógrada’.

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A Orion completou o sobrevoo motorizado de saída às 9h44 (horário de Brasília), a primeira das duas manobras necessárias para entrar na chamada ‘órbita retrógrada da Lua’. No momento do sobrevoo lunar, a cápsula estava sem comunicação com os controladores de solo e disparou autonomamente seus motores. Ela voou a uma distância de 370 mil quilômetros da Terra e ainda passou cerca de 2,2 mil quilômetros acima do local de pouso da Apollo 11, na Base Tranquility.

“A missão continua como havíamos planejado, e os sistemas terrestres, nossas equipes de operações e a espaçonave Orion superando as expectativas. Ao longo do caminho, vamos aprendendo mais sobre esta nova espaçonave espacial”, disse Mike Sarafin, gerente da missão Artemis I.

Na sexta-feira, 25, a espaçonave entrará no que é conhecido como ‘órbita retrógrada distante’, uma trajetória estável acima da superfície lunar que voa na direção oposta à da Lua ao redor da Terra. Essa órbita foi escolhida, segundo a Nasa, porque fornece um campo altamente constante, no qual pouco combustível é necessário para uma longa viagem no espaço profundo. Isso deve colocar os sistemas de Orion à prova em um ambiente extremo longe do globo.

A expectativa da Nasa é de que a Orion viaje cerca de 9,2 mil quilômetros além da Lua na próxima sexta-feira, alcançando o seu ponto mais distante da superfície lunar. No sábado, 26, ela deve ultrapassar o recorde estabelecido pela Apollo 14 para a maior distância percorrida por uma espaçonave projetada para humanos, com 400 mil quilômetros; enquanto que na segunda-feira, 28, deve atingir sua distância máxima da Terra, a 432 mil quilômetros.

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A espaçonave Orion permanecerá nessa órbita por cerca de seis dias antes de ligar seu motor novamente, colocando-a no caminho de volta para casa. Espera-se que a cápsula caia no Oceano Pacífico, na costa de San Diego, em 11 de dezembro, completando uma missão de 25 dias e meio.

Ao contrário do programa Apollo, que foi impulsionado pela corrida espacial da Guerra Fria contra a União Soviética, o Artemis busca criar uma presença permanente na Lua e em seus arredores. A Nasa planeja colocar uma espaçonave chamada Gateway em órbita lunar, que seria usada como uma área de preparação para os astronautas enquanto eles fazem o translado na superfície lunar. Para os pousos humanos, a agência especial tem como alvo o polo sul da lua, onde há a expectativa de existir água nas crateras permanentemente sombreadas.

Missão Artemis

O programa Artemis, da Nasa, pretende devolver os humanos à Lua meio século depois da primeira vez em que o homem pisou na superfície lunar, 1969, no chamado programa Apollo. Considerado o foguete mais poderoso construído pela Nasa, o Space Launch System (SLS), da Artemis I, tem quase 100 metros de altura.

O foguete decolou do Centro Espacial Kennedy, no Cabo Canaveral da Ilha Merritt, nos Estados Unidos, no último dia 16, com a espaçonave Orion acoplada. Essa foi a terceira tentativa de lançamento e primeira a ser bem-sucedida – a Nasa tentou a decolagem em agosto e setembro, mas teve que abortar a missão ainda na contagem regressiva por conta de problemas técnicos e climáticos.

O foguete lunar de próxima geração da NASA, o foguete Space Launch System (SLS) com a cápsula da tripulação Orion, decola do complexo de lançamento 39-B na missão não tripulada Artemis1 para a lua em Cabo Canaveral, Flórida, EUA, 16 de novembro de 2022. Foto: Joe Skipper/Reuters Foto: Joe Skipper/Reuters

O lançamento marca o grande início do programa Artemis, que quer enviar a primeira mulher e o primeiro negro à Lua. A meta é estabelecer uma presença humana duradoura lá, em preparação para uma viagem a Marte. Este primeiro voo de teste não tripulado ao redor da Lua busca confirmar se o veículo é seguro para transportar uma futura tripulação. Um dos objetivos da missão é descobrir se há água no polo sul do satélite. Se sim, será possível produzir combustível para naves que irão mais fundo no espaço, como as que devem viajar até Marte.

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“Vamos enviar pessoas para a superfície (da Lua) e elas vão viver nessa superfície e fazer ciência. As missões Artemis nos permitem ter uma plataforma sustentável e um sistema de transporte que possibilita aprender a operar nesse ambiente de espaço profundo”, disse Howard Hu, alto funcionário da Nasa e líder do programa aeroespacial Orion, em entrevista à BBC. “Será realmente muito importante para nós aprendermos um pouco além da órbita da nossa Terra e depois dar um grande passo quando formos a Marte.”

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