Em um cenário de novas missões espaciais para enviar seres humanos à Lua, pesquisadores encontraram uma solução inusitada para fazê-los manter o condicionamento físico fora da gravidade da Terra. Eles propõe o uso de uma espécie de cilindro, onde astronautas podem correr na horizontal, como nos “muro da morte” de atrações circenses.
O interesse por exploração lunar voltou a crescer. A campanha Artemis, da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa), por exemplo, tem entre seus objetivos estabelecer presença humano de longo prazo na Lua como forma de impulsionar viagens a Marte. Outros países como China e Japão também desenvolveram missões para alcançar o satélite.
A falta ou diminuição da gravidade deteriora a saúde cardiorrespiratória, o sistema de esqueleto e músculos e controle neural da postura e movimento. Mas ainda não há consenso sobre qual o exercício mais eficiente para impedir a redução do condicionamento físico na Lua.
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A corrida no “muro da morte” oferece como vantagem treinar o corpo inteiro, em vez de apenas determinado grupo de músculos. Ao correr dentro das paredes do cilindro, o indivíduo cria uma espécie de gravidade artificial a partir de sua aceleração em movimento de rotação.
Nas atrações, motos circulam de forma horizontal e em alta velocidade em um cilindros com 5 metros de altura e diâmetro de 10 metros. Na Terra, é preciso uma velocidade maior para conseguir se manter na horizontal sem cair, o que torna o exercício inviável. Mas, na Lua, onde a gravidade é menor, a corrida é suficiente para se manter de pé.
Para testar a ideia, os pesquisadores chamaram dois participantes, um homem e uma mulher para realizar o exercício. Como a gravidade na Terra é maior, eles ligaram os dois a uma corda para compensar a maior gravidade terrestre. sem esse equipamentos não seria possível realizar a corrida.
Uma rampa permitia que os participantes acelerassem e, então, corressem de forma vertical em relação à parede.
Os pesquisadores conseguiram demonstrar pela primeira vez que seres humanos podem correr de forma segura na horizontal em condições de baixa gravidade.
Em solo lunar, o exercício conseguiria promover saúde dos músculos, dos ossos e do sistema cardiorrespiratório. Além disso, a dinâmica da corrida no cilindro mesmo na Lua se aproxima com a da Terra. Os resultados obtidos foram publicados na revista Royal Society Open Science na quarta-feira, 1.
“Parece surpreendentemente conveniente que uma locomoção impraticável na Terra possa gerar uma gravidade artificial mais alta, e assim um estímulo de treinamento mais intenso, na Lua”, diz o artigo.
Leia o estudo completo na revista Royal Society Open Science.
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