Quantas formigas existem na Terra? Cientistas fazem nova estimativa

Grupo de estudos na Ásia estima que há cerca de 20 quatrilhões de indivíduos do inseto no planeta; “superpopulação” é benéfica ao meio ambiente

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Por Dino Grandoni
Atualização:

THE WASHINGTON POST - Quase 20 quatrilhões. Esta é a nova estimativa para o número total de formigas na Terra. Um estudo recente, divulgado na última segunda-feira, 19, pela Proceedings of the National Academy of Sciences, grupo de cientistas da Universidade de Hong Kong, analisou 489 pesquisas e concluiu, junto à quantidade proposta, a massa total das espécies no planeta: cerca de 12 megatons de carbono seco (aproximadamente 12 trilhões de kg).

Se todos esses insetos fossem arrancados do chão e colocados em uma balança, superariam a soma de aves e mamíferos selvagens. Para cada pessoa, existem cerca de 2,5 milhões de formigas. Segundo Patrick Schultheiss, principal autor do levantamento, o número é “inimaginável”. “Nós simplesmente não podemos mensurar 20 quatrilhões em uma pilha. Simplesmente não funciona”, disse.

Estudo de Hong Kong estimou cerca de 20 quadrilhões de formigas presentes na Terra (AFP via Getty Images) Foto: AFP via Getty Images

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Contar tudo isso – ou pelo menos o suficiente para chegar a uma estimativa sólida – envolveu a combinação de dados de “milhares de estudiosos em muitos países diferentes” ao longo de um século, de acordo com o cientista.

E há duas maneiras de fazer isso: descer no chão para tirar amostras de folhas ou colocar pequenas armadilhas (que podem ser apenas copos de plástico) para que elas entrem. Os pesquisadores analisaram dados em quase todos os cantos do mundo, mas alguns pontos na África e na Ásia carecem de informações.

Assim como os humanos, as formigas estão praticamente em todos os continentes e seus habitats. As que vivem no solo são mais abundantes em regiões tropicais e subtropicais, segundo a equipe de estudos, mas podem ser encontradas em diversos lugares, exceto nas partes mais frias da Terra.

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“Não importa para onde vá – exceto possivelmente a Antártida ou o alto Ártico – o quão diferente seja a cultura humana ou o ambiente natural, lá haverá formiga”, dizia Edward Osborne Wilson, renomado entomólogo e biólogo falecido em 2021

A “superpopulação” do inseto é benéfica ao planeta. Ao abrir túneis, elas arejam o solo e arrastam sementes para o subsolo para brotar. Além disso, servem como fonte de alimento para incontáveis artrópodes, pássaros e mamíferos.

E, sem as formigas carpinteiras, espécie de grande porte, florestas seriam empilhadas até a borda com madeira morta, pois não haveria o poder de decomposição dessas “destruidoras” do material.

Entomologistas estão preocupados com os declínios nas populações de insetos além das formigas na Alemanha, Porto Rico e em outros países. A destruição do habitat, os pesticidas e as mudanças climáticas contribuem para esse potencial, debatido como um “apocalipse” dessa classe. Mais de 40% das espécies no planeta podem ser extintas, segundo um estudo de 2019, com borboletas e besouros enfrentando a maior ameaça. No entanto, ainda há incerteza se o mesmo ocorre com as formigas.

Essa é a próxima pergunta de pesquisa que a equipe do Proceedings of the National Academy of Sciences quer responder. “Ainda não tentamos mostrar essa mudança temporal na abundância das formigas em si”, disse Sabine Nooten, ecologista de insetos e coautora do estudo. “Isso seria algo que viria a seguir”, completou.

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Por décadas, os cientistas observaram pequenas fazendas em laboratórios para testar teorias sobre o comportamento deste animal. Wilson usou seus conhecimentos para ajudar a explicar a base genética para a cooperação entre seus indivíduos e destacar a enorme biodiversidade da vida que vale a pena preservar.

Na década de 1990, ele arriscou um palpite sobre a população de formigas na Terra com o biólogo Bert Hölldobler. Sua estimativa foi de cerca de 10 quatrilhões – dentro da mesma ordem de magnitude do recente número avaliado. “No caso de Edward, ele era simplesmente um homem muito inteligente”, disse Schultheiss. “Sabia muito sobre o assunto e tinha um pressentimento, basicamente”, completou.

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