Um grupo de pesquisadores finalizou o desenvolvimento do protótipo de um equipamento que promete eliminar baratas como em um passe de mágica. O dispositivo, que custa menos de US$ 250, foi criado para ser uma versão mais ecológica e eficaz do que opções de controle de pragas como pesticidas, que podem causar danos ambientais e atingir outras espécies inofensivas — a exemplo dos insetos polinizadores.
“O controle de pragas é uma questão importante para a indústria alimentícia e para a saúde pública. As práticas agroquímicas atuais para o controle de insetos nocivos são geralmente problemáticas, porque levam à resistência e muitas vezes afetam espécies não-alvo”, justifica o estudo, publicado esta semana na revista científica Oriental Insects.
A abordagem é promissora porque faz o uso de um laser que pode ser direcionado e acionado remotamente. Ele é automatizado por visão de máquina, um tipo de inteligência artificial que faz com que os sistemas sejam capazes de ver e analisar o que veem para fazer uma classificação ou tomar uma decisão. Neste caso, o equipamento utiliza duas câmeras para identificar a posição da barata e, então, faz com o que o laser seja direcionado na direção dela.
Os pesquisadores usaram a espécie Blatella germanica (conhecida como baratinha ou barata-germânica) para realizar os testes. Eles descobriram que, além de localizar e eliminar individualmente os insetos a uma distância de até 1,2 metros, o protótipo é capaz de influenciar o comportamento deles.
Com uma potência um pouco menor, o laser evita que elas se escondam em abrigos escuros por meio de ondas de calor, que fazem com que os animais fujam. O equipamento também pode ser regulado para atuar em outras espécies de pestes, como mosquitos, gafanhotos e lagartas, além de ervas daninhas em lavouras.
Os detalhes técnicos do estudo foram disponibilizados em código aberto em um repositório do GitHub para que possam ser usados para testes por outras instituições acadêmicas. Apesar do estudo consider que o protótipo é “um dispositivo a laser compacto, de baixo custo e energeticamente eficiente”, os pesquisadores reconhecem que ele não deve ser usado em casa, pois traz potenciais “grandes riscos à saúde e à segurança”, principalmente de lesões oculares irreversíveis e incêndios, o que, em um primeiro momento, impede a sua disponibilização em larga escala.
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