O Japão lançou a missão “Moon Sniper” (franco-atirador lunar) nesta quinta-feira, 7, com o objetivo de se tornar o quinto país a enviar um robô para a Lua e, ao mesmo tempo, recuperar-se de uma série de contratempos em seu programa espacial.
Até agora, apenas Estados Unidos, Rússia, China e recentemente a Índia conseguiram pousar com sucesso na Lua. O Japão, por sua vez, teve duas missões fracassadas, uma pública e outra privada.
O foguete H2-A decolou às 8h42 (23h42 GMT de quarta-feira) de Tanegashima (sul) com o módulo “Moon Sniper”, que deve alcançar a Lua em um período de quatro a seis meses.
A espaçonave, cujo lançamento foi adiado três vezes devido ao mau tempo, também transporta um satélite de pesquisa desenvolvido pela Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA), pela Nasa, agência espacial americana, e pela Agência Espacial Europeia (ESA).
Tanto o robô de exploração lunar quanto o satélite foram separados com sucesso do foguete logo após o lançamento, sob aplausos e gritos de alegria na sala de controle da missão.
Alcântara: o desastre espacial brasileiro
O robô lunar, oficialmente chamado SLIM, foi projetado para pousar a cem metros do alvo no satélite, em vez da margem usual de vários quilômetros, daí seu apelido “Moon Sniper”.
“Ao criar o módulo de pouso SLIM, estamos fazendo uma mudança qualitativa para a capacidade de pousar onde quisermos e não apenas onde for mais fácil”, disse a JAXA antes do lançamento. “Isso tornará possível pousar em planetas com recursos ainda mais escassos do que a Lua”, acrescentou.
“Não houve casos anteriores de pousos de precisão em corpos celestes com uma gravidade significativa, como a Lua”, afirmou.
Corrida espacial
A Lua está despertando um interesse renovado nas agências espaciais dos principais países do mundo. Em agosto, uma sonda russa colidiu com a superfície da Lua, naquela que era a primeira missão lunar de Moscou em quase 50 anos.
Quatro dias depois, a Índia conseguiu levar um robô não tripulado para perto do pouco explorado polo sul, um sucesso histórico para o país mais populoso do mundo e seu programa espacial de baixo custo.
As tentativas anteriores do Japão falharam, incluindo uma no ano passado em que enviaram uma sonda lunar chamada Omotenashi como parte do programa Artemis dos Estados Unidos.
Após o lançamento da sonda do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, algo deu errado na missão e as comunicações foram perdidas.
A agência espacial japonesa também teve problemas recentes com seus foguetes lançadores, enfrentando falhas no lançamento do modelo H3 de nova geração em março e do confiável Epsilon em outubro.
Em julho, um teste do foguete Epsilon S, uma versão melhorada, terminou com uma explosão 50 segundos após a ignição.
E em abril, a startup japonesa ispace também falhou em sua tentativa de se tornar a primeira empresa privada a conquistar a Lua, depois de perder a comunicação com sua sonda em um que chamaram de “aterrissagem difícil”.
O foguete japonês lançado na quinta-feira também leva ao espaço a Missão de Espectroscopia e Imagem de Raios X (XRISM) desenvolvida pela JAXA, Nasa e ESA.
O satélite de alta resolução observará o vento de plasma de gás quente que sopra pelo Universo, o que ajudará no estudo dos fluxos de massa e energia, bem como na composição e evolução dos corpos celestes. /AFP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.