Degraus de rocha revelam ciclos milenares no clima de Marte

Rochas sedimentares são testemunhas de mudanças que ocorrem em períodos de milhões de anos no planeta

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Rochas escalonadas como escadarias naturais, provavelmente esculpidas pelo vento, registram ciclos no clima de Marte, provocados pela instabilidade do eixo de rotação do planeta, diz uma equipe de cientistas dos Estados Unidos na edição desta semana da revista Science. As conclusões forma tiradas a partir de imagens da região marciana de Arabia Terra feitas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter, da Nasa. Nasa adia ambiciosa missão com robô nuclear a Marte para 2011 Segundo o principal autor do artigo, Kevin Lewis, é possível ver uma história de mudanças cíclicas no clima marciano nas camadas sobrepostas de rocha sedimentar que existem em Arabia, mas ainda não se sabe o que pode ter causado a deposição dos sedimentos. "Nós mencionamos um candidato em nosso artigo, poeira depositada pelo vento", diz ele. "Mas as mudanças no eixo do planeta afetam bastante a distribuição da luz do sol na superfície, e influenciariam qualquer processo geológico de uma maneira cíclica". Lewis acredita que esse caráter cíclico das formações rochosas permite descartar eventos aleatórios, como erupções vulcânicas, da lista de possíveis causas. O artigo na Science destaca que, diferentemente de outras paisagens marcianas - onde há vestígios de leitos secos de rios ou de bordas de crateras quebradas por torrentes - as camadas rochosas de Arabia Terra não mostram sinais de terem sido modificadas pela água. Mas Lewis não descarta a possibilidade de haver, ali, informações sobre a história da água e da habitabilidade passada do planeta. "Essas rochas representam um registro da história do clima antigo de Marte", destaca o cientista. "Camada por camada, elas provavelmente contêm muita informação sobre como era o clima do planeta, e como ele variava". Se as camadas de rocha realmente foram depositadas seguindo variações do eixo do planeta, diz o artigo, isso implicaria que cada camada foi depositada ao longo de 120 mil anos; cada conjunto de camadas, a um intervalo de 1,2 milhão; e toda a seção estudada teria se formado ao longo de 12 milhões de anos. "Se esses depósitos tivessem se formado por causa do ciclo anual das estações", diz Lewis, "isso exigiria a deposição de metros de sedimentos a cada ano, o que pé muito mais do que ocorre normalmente na Terra. Por isso, preferimos os ciclos orbitais, que implicam uma tax amais razoável".

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