Astrônomos profissionais e apaixonados por astronomia de diversas localidades do mundo se reuniram nesta quinta-feira, 20, para observar a ocorrência de um eclipse solar híbrido. Considerado mais raro, o fenômeno (uma mistura de total com anular, à medida que a sombra da Lua se move pela superfície da Terra), visível do Pacífico Sul, encantou observadores de áreas da Austrália, Indonésia e Timor Leste. O fenômeno aconteceu entre 22h36 e 3h59 (horário de Brasília). Do Brasil, não foi possível a visualização, mas houve transmissão ao vivo.
A remota cidade turística de Exmouth, com menos de três mil residentes, foi escolhida como um dos melhores pontos de vista na Austrália para ver o eclipse, que também atravessou partes remotas da Indonésia e Timor Leste.
Uma multidão internacional vinha se reunindo há dias, acampando em barracas e trailers em uma planície vermelha e empoeirada na periferia da cidade com câmeras e outros equipamentos de visualização apontados para o céu.
“Não há mais nada que você possa ver que se pareça com isso. Foi simplesmente incrível e espetacular”, disse Henry Throop, astrônomo da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa), que estava entre os observadores na região.
A caçadora de eclipses Julie Copson, que viajou mais de mil quilômetros ao norte da cidade portuária de Fremantle, na costa oeste australiana, para Exmouth, disse que o fenômeno deixou sua pele arrepiada. “Eu me sinto tão emocionada, como se eu pudesse chorar. A cor mudou e eu vi a coroa e as chamas do sol”, disse Copson.
O eclipse solar híbrido ocorre quando em alguns pontos da Terra o eclipse é anular e em outros, é total. “Nesses casos, no início e no fim do eclipse ele será visto como anular, e no centro da faixa de totalidade ele será visto como total. A duração de um eclipse sobre a Terra toda é de 5 a 6 horas tipicamente, nesses casos ele começa como anular, depois passa a total e volta a ser anular no fim, mas claro que para observadores em locais distintos”, afirma Roberto Costa, professor do departamento de Astronomia da Universidade de São Paulo (USP).
Os eclipses solares ocorrem quando a Lua se coloca exatamente entre o Sol e a Terra, fazendo com que o cone de sombra do nosso planeta incida sobre uma certa região. Seu ciclo de ocorrência já era conhecido pelos babilônicos há 3 mil anos.
Na capital da Indonésia, centenas de pessoas foram ao Planetário de Jacarta para ver o eclipse solar híbrido, que foi obscurecido por nuvens.
Azka Azzahra, de 21 anos, veio com sua irmã e amigos para ver mais de perto o fenômeno, usando os telescópios com centenas de outros visitantes.
“Estou feliz por vir, mesmo que esteja nublado. Fico feliz em ver como as pessoas com grande entusiasmo vêm aqui para ver o eclipse, pois é algo raro”, disse Azzahra.
O chamado à oração, no país com a maior população muçulmana do mundo, ressoou nas mesquitas da cidade quando a fase do eclipse começou.
Veja os quatro tipos de eclipses solares:
Eclipse solar parcial - apenas uma parte do sol é encoberta pela Lua.
Eclipse solar anular - a Lua cobre o centro do Sol, mas uma parte permanece visível, formando um anel.
Eclipse solar total - Sol é totalmente encoberto pelo disco da Lua.
Eclipse solar híbrido - em alguns pontos da Terra o eclipse é anular e em outros é total.
No Timor Leste, as pessoas se juntaram à volta da praia no município de Lautem, à espera de testemunhar o raro fenômeno solar. Alguns deles vieram de outros países e se reuniram com os habitantes locais para ter uma visão clara do eclipse. As pessoas aplaudiram quando o Sol e a Lua atingiram o eclipse máximo.
“Este é um fenômeno natural muito novo para Timor Leste. É muito importante para nós podermos assistir e vivenciar em primeira mão”, disse Martinho Fátima, responsável pela proteção civil na região.
O eclipse solar híbrido rastreou do Oceano Índico ao Oceano Pacífico e foi principalmente sobre a água. As poucas pessoas sortudas em seu caminho viram a escuridão de um total eclipse ou um ‘anel de fogo’, enquanto o sol espreitava por trás da Lua nova.
Quando acontece, geralmente, em alguns pontos, a Lua está um pouco mais próxima e bloqueia o Sol em um total eclipse. Mas quando a Lua está um pouco mais longe, ela deixa um pouco da luz do Sol espreitar, formando um anel.
Conforme o site Space.com, os eclipses solares híbridos acontecem apenas algumas vezes por século. Em média, uma vez a cada dez anos. Sua última ocorrência foi em 2013 e a próxima aparição está prevista para 2031. Veja aqui na lista da Nasa os próximos eclipses solares previstos até 2030. /Com informações da AP e AFP
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