Pesquisadores do Instituto Gulbenkian de Ciência, em Portugal, criaram um embrião de camundongo com pernas no lugar de genitais durante um experimento em que mudavam a estrutura do DNA 3D dos animais. Em vez de quatro pernas, o embrião desenvolveu seis. Os resultados foram publicados na revista Nature Communications em março.
Durante o estudo, os cientistas avaliavam a função de um receptor de proteínas chamado Tgfbr1 no desenvolvimento embrionário. Eles inativaram o receptor em embriões do roedor na metade do desenvolvimento para observar possíveis impactos nos animais. O resultado foi um par extra de patas no lugar de um pênis ou clitóris.
Já havia estudos que indicavam que, na maioria dos animais de quatro patas, a estrutura que origina os membros posteriores é a mesma dos órgãos genitais externos (pênis e clitóris). Isso mostra uma grande plasticidade desse tecido.
Os resultados recém-publicados sugerem que essa é uma condição ancestral e, mesmo passado muito tempo, a estrutura que hoje tem a função de originar o órgão genital preservou a capacidade de gerar membros posteriores.
O estudo conclui que é o receptor Tgfbr1 é o responsável por direcionar se essa estrutura irá se tornar as patas de trás do animal ou seu órgão genital. Segundo o estudo, a capacidade do receptor de diferenciar essa estrutura trouxe mudanças importantes na evolução dos tetrápodes (mamíferos, répteis, anfíbios e aves) com áreas genitais.
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Os cientistas agora buscam entender se o receptor Tgfbr1 também pode alterar a estrutura do DNA em outros sistemas, como no desenvolvimento do câncer com metástase e funções imunológicas.
Também avaliam se o mecanismo funciona na mesma foram em espécies de répteis que têm pênis duplo. Em cobras, por exemplo, esse órgão genital se forma no lugar das pernas.
O estudo declara que todos os procedimentos estão de acordo com a legislação europeia e portuguesa e que o projeto foi aprovado pela comissão de ética do Instituto Gulbenkian de Ciência e da entidade nacional Direção Geral de Alimentação Veterinária.
Leia a pesquisa completa na Nature Communications.
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