PUBLICIDADE

Estudo revela o que a erupção de um vulcão foi capaz de fazer na camada de ozônio

Fenômeno em ilha no Pacífico Sul, causou uma onda de choque sentida em todo o mundo e desencadeou tsunamis em Tonga, Fiji, Nova Zelândia, Japão, Chile, Peru e Estados Unidos

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, no Pacífico Sul, entrou em erupção em janeiro do ano passado e, agora, cientistas descobrem os impactos do que descrevem como evento “sem precedentes na Era Moderna”, seja pela quantidade de água injetada na estratosfera ou pela profundida de penetração. Na época, ela causou uma onda de choque sentida em todo o mundo e desencadeou tsunamis em Tonga, Fiji, Nova Zelândia, Japão, Chile, Peru e Estados Unidos.

Segundo pesquisadores da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson de Harvard e da Universidade de Maryland, ambas nos Estados Unidos, o evento levou a anomalias na camada de ozônio, principal barreira de proteção contra raios ultravioletas, com perdas de 7% no Hemifério Sul, e aumento de até 5% nos trópicos.

Os pesquisadores usaram dados do Microwave Limb Sounder (MLS), a bordo de um satélite da agência americana espacial (Nasa). O estudo foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Hunga Tonga-Hunga Ha'apai dias antes da erupção em janeiro de 2022 Foto: Planet Labs PBC/via REUTERS

PUBLICIDADE

O que impulsionou essas mudanças atmosféricas foi a grande quantidade de vapor d’água injetado na estratosfera pelo vulcão submarino. “Essa erupção nos colocou em território desconhecido”, disse Ross Salawitch, professor do Centro Interdisciplinar de Ciências do Sistema Terrestre da Universidade de Maryland e coautor do estudo, ao portal de notícias de Harvard.

“Nunca vimos, na história dos registos de satélite, tanto vapor de água injetado na atmosfera e o nosso artigo é o primeiro que analisa as consequências a jusante em amplas regiões de ambos os hemisférios nos meses seguintes à erupção, usando dados de satélite e um modelo global”, acrescentou.

A equipe descobriu que a injeção de vapor d’água e dióxido de enxofre (SO2) mudou tanto a química quanto a dinâmica da estratosfera. A elevação dos níveis de SO2 levou a um aumento de aerossóis de sulfato.

“Certas reações que podem não acontecer ou acontecer apenas lentamente ocorrem mais rapidamente se houver aerossóis disponíveis. A injeção de SO2 permitiu a formação de aerossóis de sulfato e a presença de vapor d’água levou à produção adicional de aerossóis de sulfato”, apontou David Wilmouth, cientista de Harvard e autor principal do estudo.

Publicidade

O aumento dos aerossóis de sulfato e do vapor deu início a uma cadeia de eventos na complexa química atmosférica, que levou a mudanças generalizadas nas concentrações de vários compostos, incluindo o ozônio, segundo os dois cientistas. O vapor d’água teve efeito de resfriamento na estratosfera, levando a uma mudança na circulação. Isso, por sua vez, resultou na diminuição do ozônio no Hemisfério Sul e ao aumento do ozônio nos trópicos.

Eles vão continuar o estudo acompanhando o impacto do vulcão. Caso o vapor d’água permaneça elevado por vários anos e, conforme se movimenta, pode intensificar perdas de ozônio na Antártida.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.