No filme de James Cameron, um androide é enviado ao passado para matar uma mulher. Com ela morta, seu filho, que no futuro se tornará um líder, sequer vai nascer. É uma maneira retroativa de alterar o futuro. Mas fora da ficção científica, o futuro é determinado em grande parte pelas atitudes que tomamos no presente. Exterminadores do futuro, no mundo real, são pessoas que tornam impossível o futuro que desejamos.
Bolsonaro é um ótimo exemplo de exterminador do futuro. Seu descaso com a educação vai condenar os jovens a uma vida miserável. Sua política de destruição do meio ambiente vai tornar nosso país um lugar pior. Sua intolerância com qualquer forma de diversidade de opinião e comportamento vai acabar com a argumentação racional. Isso para não falar das armas, da recusa em comprar vacinas, do orçamento secreto, da fome, e da aniquilação da ciência. E para garantir que nosso futuro será moldado por suas ideias bizarras, Bolsonaro está tentando destruir a democracia para se manter no poder. Desacredita as urnas eletrônicas e o TSE. A população já percebeu suas intenções. Não é sem motivo que sua taxa de rejeição está nas alturas.
Lula é diferente. Ele já exterminou parte de nosso futuro. Sua atuação sobre o futuro já ocorreu. Foi no passado, quando governou o Brasil. O que vivemos hoje é, em parte, o futuro criado pelos governos do PT. A radicalização de hoje e o clima de ódio prosperou devido a política do nós contra eles. Foi no governo Lula que ocorreu o maior caso compra de deputados, o maior desvio de dinheiro público já registrado na história da humanidade, e o pior caso de conluio entre empresas privadas e o governo federal. Com quase todos os envolvidos impunes, é impossível para a população acreditar que Lula não sabia de nada, que não deu aval à execução dessas atividades criminosas e que não tenha parte da culpa. E foi isso que iniciou a desconfiança que a população tem hoje do judiciário. É nessa desconfiança que Bolsonaro nada de braçada. Portanto, não é de estranhar que a taxa de rejeição de Lula também esteja na estratosfera.
Os dois principais candidatos à presidência tem uma relação com o futuro distante do que a população deseja. É triste, mas talvez seja necessário, no segundo turno, escolher o mal menor. Mas ainda é cedo para pensar no mal menor. O momento atual é de buscar um candidato à presidência cuja relação com o futuro esteja alinhada com o que desejamos. Que entenda e respeite as regras e as instituições democráticas. Que aceite e fortaleça a divisão das responsabilidades entre os três poderes. Que consiga conviver e dialogar sem agressão com pessoas de opiniões e comportamentos diferentes, que seja contra a corrupção, que não compre votos, que acredite que o futuro depende da educação, da saúde e da proteção do meio ambiente. Que acredite na ciência e na racionalidade. Só um candidato com essas características tem alguma chance de construir um Brasil semelhante ao que desejamos. Hoje, me parece, esse candidato é a senadora Simone Tebet.
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