Um veículo que transportava material radioativo foi furtado no último domingo, 30, em São Paulo. O caso foi divulgado nesta sexta-feira, 5, pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), instituição vinculada ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação.
A entidade emitiu um alerta sobre os riscos de contaminação por contato com Germânio-Gálio, o material radioativo furtado. “Essa fonte, por sua baixa atividade, se enquadra na categoria 4, representando risco radiológico muito baixo para a população e o meio ambiente”, diz o comunicado da entidade.
Segundo a instituição, havia cinco geradores de radiofármacos no interior do veículo furtado. Quatro carregavam uma substância chamada de Tecnécio, mas já estavam vazios no momento do crime. O outro gerador tinha Gálio. As substâncias químicas eram usadas para fins medicinais.
“Esses dispositivos são levados a clínicas de medicina nuclear e, através de algumas operações, os médicos extraem os radiofármacos, que são injetados em pacientes para exames cardiológicos ou oncológicos”, explicou o Diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear do CNEN, Alessandro Facure.
Ainda de acordo com Facure, o Germânio-Gálio, material furtado que até agora não foi encontrado, é utilizado principalmente para exames que envolvam a avaliação de tumores neuroendócrinos, um tipo de câncer que atinge células do corpo.
- As duas substâncias químicas, Germânio e Gálio, agem em conjunto, mas têm funções diferentes, segundo Facure.
- “Você pode pensar que é como uma máquina de café. A cápsula é o germânio e o café é o Gálio. O Gálio é injetado no paciente, o Germânio é só um insumo para que se desenvolva o produto final.”
Os geradores de radiofármacos são revestidos de uma carcaça de chumbo e ferro, que impedem o vazamento do material radioativo.
Ainda que seja considerada uma atividade radioativa baixa, há receio de que o material seja violado. “Ao romper o dispositivo (gerador de radiofármaco), não são esperadas contaminações no meio ambiente, nem óbitos. Mas o material pode provocar danos à saúde em caso de ingestão ou inalação”, afirma Facure.
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