Há exatamente 50 anos, tinha início a aventura que faria um homem pisar na Lua pela primeira vez na história. Em 16 de julho de 1969, os astronautas Neil Armstrong, Edwin “Buzz” Aldrin e Michael Collins decolavam a bordo do foguete Saturno V do então chamado Cabo Espacial Kennedy, na Flórida, na missão que mudaria a história da humanidade. Quatro dias depois ocorreria o “pequeno passo” histórico, após o módulo Águia tocar, enfim, o solo poeirento lunar.
Estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas, sob um calor de mais de 30°C, acompanharam naquele dia o lançamento in loco, em um clima de festa e apreensão. Até o pouso se passariam 195 horas, 18 minutos e 35 segundos.
Aquele início de missão correu tudo muito bem. Em 168 minutos, o foguete atingiu a altitude de 67,6 km e foi solto o primeiro estágio de volta para a Terra. Quando haviam se passado pouco mais de 11 minutos, o segundo estágio foi descartado e o resto do foguete deu uma volta e meia em torno da Terra. Duas horas e 44 minutos depois do lançamento, o último estágio do Saturno foi novamente acionado para enviar a nave Apollo 11 em direção à Lua com os três astronautas a bordo.
Nesta terça-feira, Collins, hoje com 88 anos, esteve presente na mesma plataforma 39A exatamente às 9h32 (10h32, em Brasília) para recordar aquele exato momento.
Aldrin também estava previsto para aparecer à comemoração, mas não foi sem explicação. Ele teve problemas de saúde recentemente e tem se esquivado da imprensa. Armstrong, que deu o primeiro passo na Lua no dia 20 de julho daquele ano morreu em 2012.
Collins não chegou a pisar na Lua. Ele ficou sobrevoando ao redor do satélite, a bordo do módulo de comando Columbia, enquanto os outros dois caminhavam na superfície e faziam coletas de amostras e experimentos. “Eles sabiam, eu sabia, que se por alguma razão eles não conseguissem decolar, eu não poderia fazer nada a respeito, a Columbia não tinha nenhum trem de pouso, eu não poderia descer e resgatá-los”, disse ele a repórteres em Nova York em maio.
“Cinquenta anos se passaram da chegada do homem a Lua, mas as lembranças e as imagens continuam nítidas na memória. Ninguém esquece uma coisa dessas. Era o ano de 1969 e eu tinha acabado de completar 25 anos. Anunciaram no dia 16 de julho o tão esperado lançamento da missão Apolo 11, três astronautas dentro de uma minúscula cápsula espacial em direção à Lua. Começou o sofrimento", lembra João dos Anjos, diretor do Observatório Nacional.
"A cada hora era uma notícia, a entrada em órbita da Terra, o início do voo em direção à Lua, a entrada em órbita da Lua, a preparação para a descida do módulo lunar. Parecia um filme de terror e suspense que já durava quase quatro dias, todo mundo fixado no rádio e na televisão, torcendo para nada dar errado. Aí chegou o grande momento. O homem ia finalmente conquistar a Lua, colocar os pés naquele solo árido e desértico", continua o pesquisador.
"Era o planeta olhando para a Lua, esperando aquele pequeno passo, porém com um significado tão grande. Não dá para esquecer aquela imagem, a marca da bota no solo lunar. Cinquenta anos se passaram, mas ainda hoje vejo, nítida, aquela imagem indelével, gravada para sempre na memória. Conquistamos a Lua! A Lua é nossa!”
Próximos passos
O evento desta terça marca o início das celebrações que vão culminar em sábado, 20, o aniversário do pouso. São o início também de uma nova contagem regressiva. A Nasa tem planos de voltar a colocar uma pessoa na Lua daqui quatro anos – a primeira mulher e um outro homem. Nenhum ser humano pisa na Lua desde 1972, quando ocorreu a última missão Apollo, há 17 anos.
Depois daquele feito, somente ocorreram missões não tripuladas, que aumentaram a compreensão sobre o satélite e permitiram imagens em detalhes sobre o chamado “lado oculto” da Lua, que não foi visitado pelos astronautas. A ideia agora é pousar justamente daquele lado, ter uma estação espacial orbitando permanentemente a Lua e, de lá, ir além. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.