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Fenômeno raro: Telescópio Hubble captura fases de supernova de 11 bilhões de anos atrás; entenda

Descoberta, divulgada pela revista ‘Nature’, poderá aprimorar o conhecimento científico sobre a formação de estrelas e galáxias nas origens do Universo

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Por Redação
Atualização:

MADRI - O telescópio espacial Hubble conseguiu fotografar em uma única imagem as primeiras fases da explosão de uma estrela (supernova), que ocorreu há 11 bilhões de anos, quando o Universo ainda era “primitivo”. A descoberta, divulgada pela revista Nature, poderá aprimorar o conhecimento científico sobre a formação de estrelas e galáxias nas origens do Universo.

O momento capturado pelo Hubble – o telescópio espacial da ESA e da Nasa, agência espacial americana –coleta três momentos diferentes dentro de algumas horas da explosão estelar e corresponde a uma estrela que era 500 vezes maior que o Sol e que explodiu há 11 bilhões de anos. Esta é a primeira vez que uma supernova nos seus estágios iniciais é observada com tanta precisão a esta distância. Além disso, trata-se de uma explosão estelar no início da história do Universo, destacou o Conselho Superior de Pesquisa Científica da Espanha (CSIC) nessa quarta-feira, 9.

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“É muito raro que uma supernova possa ser detectada em um estágio muito inicial, porque esse estágio é muito curto”, segundo Wenlei Chen, primeiro autor do trabalho e pesquisador da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Minnesota (EUA).

O telescópio Hubble capturou três momentos únicos da explosão da supernova em diferentes fases, que atingiram a Terra ao mesmo tempo. Esta imagem foi alcançada graças ao fenômeno chamado “lente gravitacional”: este efeito é produzido por um conjunto de galáxias, com uma massa milhares de vezes maior que a massa da nossa Galáxia, que amplifica a luz produzida por objetos distantes e alinhados logo atrás do aglomerado, e funciona como uma lente, ampliando a luz que vem da supernova, tornando-a visível para o telescópio espacial.

Por meio de um fenômeno chamado lente gravitacional, três momentos diferentes em uma explosão de supernova distante foram capturados em um único instante pelo Telescópio Espacial Hubble, da Nasa.  Foto: NASA, ESA, STScI, Wenlei Chen (UMN), Patrick Kelly (UMN), Hubble Frontier Fields via Reuters

Desta forma, o aglomerado de galáxias conhecido como “Abell 370″ agiu como se fosse a lente, ampliando a luz da supernova distante, localizada atrás do aglomerado. As imagens ampliadas por esta lente tomaram três rotas diferentes através do aglomerado, devido a diferenças de comprimento nos caminhos que a luz da supernova seguiu, a desaceleração do tempo e a deformação do espaço pela gravidade que já havia sido prevista por Albert Einstein, explica o CSIC.

Mas como a luz leva tempos diferentes para percorrer esses três caminhos, a imagem capturada pelo Hubble mostra três instantes da explosão em um único instante, de acordo com José María Diego, pesquisador do Instituto de Física da Cantábria (um centro espanhol misto do CSIC e da Universidade da Cantábria).

O pesquisador, que participou da interpretação do efeito de “lente gravitacional” e dos tempos entre as diferentes imagens da supernova, especifica que, entre esses três instantes, um deles corresponde a apenas algumas horas após a explosão. Além disso, o telescópio captou as mudanças de temperatura da supernova, que são observadas com a variação de sua cor: quando está mais azul, a supernova está mais quente e, à medida que esfria, sua luz fica mais vermelha.

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“Você vê cores diferentes em todas as três imagens”, diz Patrick Kelly, líder do estudo e professor da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Minnesota. “No núcleo da estrela massiva há um choque, ela aquece e depois você vê que ela esfria; é provavelmente uma das coisas mais surpreendentes que já vi”, diz o pesquisador.

As observações mostram que a estrela supergigante vermelha era 500 vezes maior que o Sol, diz o CSIC. O órgão espanhol afirma ainda que esta é a primeira vez que a equipe de pesquisa é capaz de medir as dimensões de uma estrela moribunda no universo mais primitivo. Para conseguir isso, eles contaram com algoritmos de aprendizado de máquina para medir o brilho e a taxa de resfriamento da estrela.

Agora, aproveitando a chegada do novo Telescópio Espacial James Webb, da Nasa, a equipe planeja começar a observar supernovas ainda mais longe e criar um catálogo que ajudará a entender se as estrelas que existiam há bilhões de anos são diferentes daquelas do Universo conhecido hoje. /EFE

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