A Índia começou a inspecionar a superfície da Lua com um robô explorador nesta quinta-feira, 24, depois de ter se tornado, no dia anterior, o primeiro país a pousar uma espaçonave robótica, sem nenhum astronauta a bordo, perto do polo sul lunar, uma área que várias nações cobiçam porque contém água na forma de gelo em crateras permanentemente sombreadas.
Pragyan - sânscrito para “sabedoria” - saiu do módulo de pouso horas depois que a Índia atingiu o marco final em seu ambicioso programa espacial de baixo custo, que gerou enorme alegria em todo o país.
“O robô móvel desceu do módulo de pouso e a Índia caminhou na lua”, declarou a Organização de Pesquisa Espacial da Índia (ISRO, na sigla em inglês), por meio das redes sociais. Já o primeiro-ministro Narendra Modi descreveu o sucesso da missão como um “dia histórico”.
O robô de seis rodas, que funciona com energia solar, percorrerá essa área pouco mapeada do satélite e transmitirá imagens e dados científicos durante as duas semanas que durará a missão.
O pouso da missão Chandrayaan-3, que significa “nave lunar” em sânscrito, ocorreu na quarta-feira, 23, poucos dias depois de uma sonda russa ter caído na mesma região. O módulo de aterrissagem da Rússia, a nave espacial Luna-25, colidiu com a Lua depois de girar em uma órbita descontrolada, informou a agência espacial do país, a Roscosmos, no dia 20 de agosto.
Até agora, apenas a União Soviética, os Estados Unidos e a China conseguiram levar missões à superfície da Lua.
A missão Chandrayaan-3 inclui um módulo de pouso chamado Vikram - que significa “coragem” em sânscrito - e o robô móvel Pragyan.
Lançado há seis semanas, o Chandrayaan-3 demorou muito mais para chegar à Lua do que as missões do programa Apollo dos Estados Unidos nas décadas de 1960 e 1970, que chegaram ao satélite em poucos dias.
A Índia utiliza foguetes menos potentes do que os usados pelos Estados Unidos, desta forma, a sonda teve de orbitar a Terra várias vezes para ganhar velocidade antes de se dirigir à Lua.
O país tem um programa aeroespacial de baixo custo em comparação com outras potências, mas cresceu notavelmente desde que enviou a sua primeira nave espacial para orbitar a Lua em 2008.
O orçamento para esta missão é de US$ 74,6 milhões, prova da modesta engenharia espacial da Índia.
Os especialistas dizem que o país consegue estes custos baixos copiando e adaptando a tecnologia espacial existente e tirando partido da abundância de engenheiros altamente qualificados que cobram muito menos do que os seus homólogos estrangeiros.
O Chandrayaan-3 cativou a atenção do público desde o seu lançamento diante de milhares de espectadores. “Sinto-me muito orgulhoso. A Índia fez o seu nome brilhar”, disse Bhagwan Singh, um lojista na capital Nova Deli. “É um momento muito feliz para nós”, acrescentou.
Em 2019, uma missão semelhante falhou no último minuto devido a um problema de software. Mas a missão colocou com sucesso uma nave espacial em órbita ao redor do lua e mapeou a superfície lunar nos anos seguintes. Desta vez, o pouso foi bem-sucedido e aplaudido por toda a nação de 1,4 bilhão de pessoas.
Mesmo os políticos celebraram rituais hindus para desejar o sucesso da missão e os estudantes acompanharam os momentos finais do pouso na Lua em suas salas de aula por meio de transmissões ao vivo.
“O sucesso da missão pertence a toda a humanidade” disse Modi, na quarta-feira. /AFP
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