Dois estudos científicos publicados na quinta-feira, 21, indicam que na superfície de uma lua do planeta Júpiter chamada Europa existe carbono – mais especificamente, dióxido de carbono (CO²). É mais um indicativo de que podem existir seres vivos nessa lua, já que o carbono é essencial para a vida como conhecemos.
Os estudos se basearam em informações colhidas pelo telescópio espacial James Webb, da Nasa (agência especial dos Estados Unidos), através de seu Espectrógrafo de Infravermelho Próximo (NIRSpec).
O carbono é mais abundante em uma região geologicamente jovem dessa lua, chamada Tara Regio, que tem cerca de 1,8 mil km², segundo os pesquisadores. Dentro dessa área, o carbono estaria em um oceano abaixo da camada de gelo que recobre o satélite.
“Estamos vendo que o dióxido de carbono está fortemente concentrado lá”, conta Samantha Trumbo, da Universidade Cornell em Ithaca (Estados Unidos), principal autora de um dos artigos científicos, referindo-se a esse oceano.
O telescópio Hubble já identificou sal existente nessa região, e agora foram encontrados indícios da presença de carbono, aparentemente depositados em um período geológico recente. O elemento químico deve estar concentrado no oceano e não ter sido fornecido por meteoritos ou outras fontes externas. “Acreditamos que isso implica que o carbono provavelmente tem sua origem final no oceano interno”, disse a pesquisadora.
“Na Terra, a vida gosta de diversidade química — quanto mais diversidade, melhor. Somos uma vida baseada em carbono”, disse em comunicado o principal autor do outro estudo, Geronimo Villanueva, do Centro de Voo Espacial Goddard, da Nasa. “Entender a química do oceano de Europa nos ajudará a determinar se ele é hostil à vida como a conhecemos ou se pode ser um bom lugar para a vida.”
A lua Europa é alvo de duas missões espaciais para determinar se seu oceano é propício ao surgimento de seres vivos. A Agência Espacial Europeia lançou em abril passado a sonda Juice, e a Nasa planeja lançar em outubro de 2024 a sonda Europa Clipper.
Elas vão demorar oito anos para chegar na Europa, e não terão capacidade para encontrar vida no satélite, mas apenas averiguar se existem elementos químicos propícios para a existência de seres vivos primitivos, como bactérias.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.