Para o historiador Carlos Fico, da UFRJ, a digitalização do acervo do Estado e sua colocação na internet é importante para a pesquisa e o ensino no País.
Acostumado a consultar as páginas do jornal disponíveis no arquivo de microfilmes da Biblioteca Nacional, no Rio, para sua pesquisa histórica, Fico destaca que a iniciativa do jornal tem especial relevância política. "A digitalização do acervo chega na hora em que o País está tratando exatamente da transparência nas informações", diz, referindo-se à Lei do Acesso à Informação, que entrou em vigor nessa semana.
Para o historiador, que tem doutorado pela USP e leciona História Social na UFRJ, a colocação dos 137 anos de publicações do Estado na web reforça o clima de transparência não só dos entes públicos brasileiros, mas também das empresas. "Quando uma empresa toma essa iniciativa está contribuindo com o País."
O professor lembra que jornais como Jornal do Brasil e Folha de S.Paulo têm conteúdos digitalizados e defende que outras empresas de comunicação, jornais, rádios e TVs também sigam o exemplo colocando na rede a memória de seus conteúdos.
Fico estuda atualmente "os sistemas repressivos das ditaduras militares argentina e brasileira nos anos de 1960 e 1970 e o papel dos Estados Unidos".
Ele acrescenta que a abertura do acesso das publicações do Estado serve ainda para que o pesquisador conheça uma outra característica da publicação. "O jornal não permite só o conhecimento de detalhes dos acontecimentos relatados no texto jornalístico. No caso do Estado, o próprio jornal é parte da história da censura no País", conclui.
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