Cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, desenvolveram uma luva que pode transferir, registar e reproduzir interações táteis. A peça pode ser usada, por exemplo, para ensinar a tocar piano, ou mesmo, a realizar procedimentos cirúrgicos. A tecnologia adapta os estímulos das orientações conforme cada indivíduo que o utiliza.
- O trabalho dos pesquisadores focava em criar uma interface humano-máquina baseada em têxtil que fosse vestível e personalizável. A luva tem como vantagem o fato de que os seres humanos são mais sensíveis ao feedback tátil nas mãos.
Mas o mesmo sistema pode ser estendido na fabricação de outras peças, como jaquetas, por exemplo.
Segundo artigo publicado na revista Nature Communication em janeiro deste ano, o objeto tem alguma semelhança com as luvas usuais em termos de peso, tamanho e flexibilidade. A peça conta com estruturas de sensores táteis e unidades que vibram.
Entretanto, a luva inteligente ainda apresenta algumas limitações. O movimento das mãos pode afetar as percepções táteis e objetos de metais interferem no funcionamento das unidades vibradoras.
Essas peças podem ser fabricadas de forma rápida por meio de uma máquina de bordado digital e um mínimo de trabalho manual.
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Para comprovar a eficiência da luva no aprendizado, os pesquisadores recrutaram uma pessoa com mais de dez anos de experiência no piano e outra ainda iniciante. Primeiro, eles pediram para o mais experiente tocar uma música e registraram os dados táteis dos movimentos de seus dedos.
Esses sinais foram, então, convertidos em feedback. Em seguida, foi a vez do estudante tocar vestindo a luva. O mesmo processo pode acontecer de forma simultânea, com os sinais táteis do professor sendo transferidos na mesma hora para o estudante.
Luvas adaptáveis
Existe, porém, um desafio na hora de desenvolver um objeto que transfira informações por sensações táteis: cada pessoa responde de forma diferente aos mesmos estímulos. Um mesmo indivíduo pode também reagir de forma diferente a depender da localização e momento da vibração.
A solução encontrada para esse problema foi inserir na luva o que chamaram de “módulo adaptativo”. O mecanismo reúne os dados da resposta do indivíduo, como tempo de reação e destreza dos dedos, e aprende a se adaptar a seus movimentos.
Com o módulo adaptável, as atividades mais difíceis puderam ser executadas de maneira semelhante aos estímulos da luva. Mas sem essa ferramenta, os usuários falhavam mesmo em tarefas simples.
De acordo com o estudo, outros usos potenciais para a luva são os treinamentos para cirurgiões, pilotos e engenheiros. A peça também pode ser empregada para aumentar a imersão em realidade virtual ou aumentada.
O vídeo abaixo compila imagens sobre a fabricação da luva, bem como seu funcionamento e algumas possíveis aplicações, como o ensino do piano.
Leia o estudo completo na revista Nature Communications.
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