Marte pode estar encharcado abaixo de sua superfície, com água suficiente escondida nas rachaduras das rochas subterrâneas para formar um oceano global, sugere uma nova pesquisa.
As descobertas divulgadas nesta segunda-feira, 12, baseiam-se em medições sísmicas do módulo de aterrissagem Mars InSight da Nasa, que detectou mais de 1.300 marsquakes antes de ser desligado há dois anos.
Essa água - que se acredita estar entre 11,5 e 20 quilômetros de profundidade na crosta marciana - muito provavelmente teria se infiltrado da superfície há bilhões de anos, quando Marte abrigava rios, lagos e possivelmente oceanos, de acordo com o cientista principal, Vashan Wright, do Instituto Scripps de Oceanografia da Universidade da Califórnia em San Diego.
O fato de ainda haver água em Marte não significa que ela abrigue vida, disse Wright. “Em vez disso, nossas descobertas significam que há ambientes que podem ser habitáveis”, disse ele em um e-mail.
Sua equipe combinou modelos de computador com leituras da InSight, incluindo a velocidade dos terremotos, para determinar que a água subterrânea era a explicação mais provável. Os resultados foram publicados na segunda-feira na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Se a localização da InSight em Elysium Planitia, perto do equador de Marte, for representativa do resto do planeta vermelho, a água subterrânea seria suficiente para encher um oceano global com cerca de uma milha (1 quilômetro a 2 quilômetros) de profundidade, disse Wright.
Seriam necessárias brocas e outros equipamentos para confirmar a presença de água e procurar possíveis sinais de vida microbiana.
Embora o módulo de aterrissagem InSight não esteja mais funcionando, os cientistas continuam a analisar os dados coletados de 2018 a 2022, em busca de mais informações sobre o interior de Marte.
Molhado praticamente por completo há mais de 3 bilhões de anos, acredita-se que Marte tenha perdido a água da superfície à medida que sua atmosfera se diluiu, transformando o planeta no mundo seco e empoeirado que conhecemos hoje. Os cientistas teorizam que grande parte dessa água antiga escapou para o espaço ou permaneceu enterrada no subsolo. / AP
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