Nasa e Marte: quais são as pistas de vida já achadas no planeta vermelho?

Robôs da agência espacial americana reúnem evidências científicas que apontam para condições favoráveis para atividades biológicas no passado

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Por Redação
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Curiosity e Perseverance. Juntos, os dois robôs da Nasa (Agência Aeroespacial dos Estados Unidos) têm descobrido possíveis indícios de atividade biológica em Marte que acompanham o desenvolvimento da ciência na Terra. Por enquanto, ainda não é possível responder à questão sobre se existe vida no planeta, mas o que eles já descobriram nos ajuda a entender melhor a origem e evolução da vida e pode um dia ser uma espécie de guia para a sobrevivência da humanidade.

Marte pode ter sido quente e úmido, mas hoje é um lugar frio, seco e estéril. A atmosfera é fina e composta principalmente por dióxido de carbono (CO2). É um planeta terrestre, com atmosfera e clima, sua geologia é conhecida por ser muito diversa e complexa (como a Terra) e parece que o clima de Marte mudou ao longo de sua história, como a Terra.

Cientistas acreditam que essas camadas curvas registradas foram formadas por uma água que fluiu de maneira intensa Foto: Nasa

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A Curiosity completou dez anos em Marte em 2022, mas a descoberta mais recente é da Perseverance: possíveis sinais do que já foi um rio volumoso e agitado em Marte. Os indícios foram encontrados em uma pilha de rochas sedimentares em forma de leque com 250 metros de altura, e camadas curvas que sugerem o contato com água corrente.

Compreender esses ambientes aquáticos pode ajudar os cientistas a procurar sinais de vida microbiana antiga que pode ter sido preservada na rocha marciana. O rio teria sido mais profundo e se movia mais rápido do que qualquer evidência que os cientistas já encontraram no passado. Até então, os indícios encontrados por pesquisadores sugeriam a presença de lagos ou riachos no planeta.

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De acordo com a agência espacial, ele fazia parte de uma rede de cursos de água que desaguava na cratera Jezero, a área que o robô da Nasa explora desde o pouso, há mais de dois anos.

A descoberta do que pode ter sido um rio volumoso, agora, se junta a outras que cientistas da Nasa fizeram usando um conjunto de instrumentos chamado de Sample Analysis at Mars (SAM), a bordo do Curiosity. Confira algumas das principais descobertas:

Compostos Orgânicos foram encontrados em Marte

Moléculas orgânicas (que contêm carbono) foram detectadas em amostras de rochas coletadas da cratera Gale. Elas servem como “blocos de construção” e “alimento” para a vida. A presença deles em Marte sugere que o planeta poderia ter sustentado a vida se alguma vez ela existiu por ali.

Os isótopos de CO2 e metano medidos pela SAM podem ser consistentes com a atividade biológica antiga, mas também há explicações não baseadas em vida. De acordo com a Nasa, esse sinal isotópico pode ser resultado de uma interação entre a luz ultravioleta do Sol e o CO2 na atmosfera de Marte, produzindo matéria orgânica que cai na superfície.

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Rover Perserverance: As descobertas também podem ajudar a construir uma linha do tempo da história geológica de Marte. Foto: NASA/JPL-Caltech/MSSS

Água existiu por mais tempo do que se imaginava

A água é fundamental para a vida como a conhecemos e os testes feitos a bordo dos dois robôs da Nasa lançaram luz sobre o passado úmido de Marte e sobre como o planeta secou. Há evidências que indicam que as rochas da cratera Gale registram uma rica história de água. Parte dessa evidência é a presença de jarosite, um mineral amarelo-avermelhado formado somente em ambientes aquosos.

Experimentos de datação encontraram jarosite centenas de milhões de anos mais jovem do que o esperado pelos cientistas. Isso indica que mesmo que grande parte da superfície de Marte estivesse secando, alguma água líquida permaneceu abaixo da superfície, na cratera Gale, estendendo o período de habitabilidade para quaisquer micróbios marcianos que pudessem ter existido.

Os testes também mostraram que a água pode ter sumido em um processo em que os átomos de hidrogênio da água (H2O) foram sendo substituídos aos poucos por uma versão mais pesada do próprio hidrogênio, o deutério. A Curiosity mediu a proporção entre hidrogênio e deutério na atmosfera do planeta e a história que surgiu daí indicam que esse processo se deu em Marte.

Atmosfera do planeta tem concentrações de metano variáveis

A partir da coleta de amostras, os cientistas detectaram flutuações na quantidade e concentração de metano na atmosfera próxima à superfície de Marte. Na Terra, a maior parte do metano presente na atmosfera é resultado de processos biológicos e varia em função de mudanças nesses processos.

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A Nasa não sabe se esse é o caso de Marte, pois o Curiosity não está equipado para determinar se o metano detectado se origina ou não de processos biológicos, mas essa foi uma das descobertas mais relevantes da agência espacial feita com o uso do robô.

Rover Curiosity da Nasa completou dez anos no solo de Marte, em 2022  Foto: NASA/JPL-Caltech/MSSS/Divulgação

Curiosity encontrou nitrogênio biologicamente útil

Nitrato foi encontrado, em 2015, em amostras de rochas marcianas. Na Terra, o nitrogênio é um ingrediente essencial para a vida. Para que a maioria dos processos biológicos possa fazer uso dele, no entanto, os átomos de nitrogênio devem primeiro ser “fixados”, ou seja, estarem livres de sua forte tendência de interagir apenas consigo mesmos. O nitrato é uma dessas formas.

Esse nitrogênio fixo é necessário para a síntese de DNA, RNA e proteínas, os blocos de construção da vida como a conhecemos. A descoberta indicou que o nitrogênio biologicamente e quimicamente utilizável estava presente em Marte há 3,5 bilhões de anos.

Segundo a Nasa, embora esse achado não prove a existência de vida passada em Marte, tampouco a descarta. O nitrato pode ter sido produzido no início da história marciana por choques térmicos resultantes dos impactos de meteoros, mas também é possível que possam estar se formando na atmosfera marciana ainda hoje.

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