No calor extremo, planeta terá extinção de mamíferos, supercontinente e temperatura de até 70ºC

Estudo da Universidade de Bristol usa inteligência artificial para projetar futuro distante, em que os continentes se fundem em um único território, com temperaturas que podem chegar a 70ºC

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Foto do author Roberta Jansen
Atualização:

O calor extremo deve levar à extinção de todos os mamíferos terrestres – entre eles, os humanos – em 250 milhões de anos, quando todos os continentes terrestres voltarão a se unir, na altura dos trópicos. Será um território extremamente quente, seco e, em grande extensão, inabitável. Temperaturas podem alcançar até 70ºC, com altos níveis de umidade nesse supercontinente chamado de Pangeia Última.

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Os primeiros modelos climáticos aplicados para um futuro distante mostram que, em 250 milhões de anos, o Sol se tornará mais quente e violentas erupções vulcânicas lançarão grande quantidade de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.

Isso tornará o planeta tão quente que a grande maioria dos mamíferos não conseguirá sobreviver. Do futuro supercontinente, apenas de 8% a 16% serão habitáveis. O novo estudo, assinado por pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, foi publicado em setembro na revista Nature Geoscience.

Grécia é um dos países que têm enfrentado incêndios e ondas de calor. Foto: Petros Giannakouris/AP

Ao longo deste ano, o planeta tem visto com mais frequência os efeitos graves das mudanças climáticas. Entre os desastres vistos, estão as ondas de calor e incêndios na Grécia e no Havaí, as enchentes em Hong Kong e na Líbia, além do ciclones seguidos de temporais no Rio Grande do Sul, onde 49 pessoas morreram. Além do aquecimento global, a influência do El Niño tem intensificado os eventos climáticos, dizem os cientistas.

De forma geral, os mamíferos, incluindo humanos, são mais bem adaptados a temperaturas baixas. Várias espécies, por exemplo, desenvolvem pelagem espessa e mecanismos orgânicos, como a hibernação, para enfrentar os períodos mais frios. Mas são menos adaptáveis a situações de calor extremo.

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Novo estudo da Universidade de Bristol revela que, em 250 milhões de anos, o Sol estará muito mais quente, ameaçando a sobrevivência da maior parte dos mamíferos da Terra 

“O novo supercontinente reunirá três problemas: o efeito de continentalidade (que agrava o calor), um Sol efetivamente mais quente e o aumento do lançamento de CO2 na atmosfera (o que contribui para o aquecimento global)”, diz o principal autor do estudo, Alexander Farnsworth, da Universidade de Bristol. “O resultado é um ambiente muito mais hostil no que diz respeito à disponibilidade de alimento.”

Chuvas fortes causaram mortes, estragos e enchentes no Rio Grande do Sul. Foto: Divulgação/Prefeitura de Passo Fundo

Os cientistas estimam que os níveis de CO2 devem aumentar das atuais 400 partes por milhão (ppm) para mais de 600 ppm na época da formação do supercontinente. Isso, claro, se o homem parar de queimar combustível fóssil. Se isso não acontecer, esses valores serão alcançados muito antes.

“Temperaturas de 40ºC a 50ºC, com picos extremos ainda mais altos, junto com altos níveis de umidade vão selar o nosso destino”, disse Farnsworth. “Humanos – e outras espécies – entrarão em extinção dada a sua inabilidade de se proteger por meio do suor (que resfria nosso corpo) de temperaturas tão altas.”

Os pesquisadores destacam que o nível de aumento de temperaturas médias do planeta até agora já afeta a saúde humana. Dizem também que, embora o aquecimento global seja uma consequência irreversível do aumento de emissões de gases de efeito estufa nos últimos 150 anos, é preciso atuar para que as mudanças climáticas ocorram mais devagar.

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