Eclipses, superlua e chuva de meteoros: veja calendário de fenômenos astronômicos deste ano

Grande evento do ano, um eclipse solar anular, ocorre em outubro e será visível em partes do Norte e do Nordeste do Brasil

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Foto do author Leon Ferrari
Atualização:

No céu não há ano ruim, diz a astrônoma Josina Nascimento, gestora da Divisão de Comunicação e Popularização da Ciência do Observatório Nacional (ON/MCTI). “A natureza nos favorece de forma intercalada. Sempre tem muita coisa legal para olhar no céu.”

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O que muda, conforme o ano, é o corpo celeste que nos presenteia com os melhores espetáculos. Se em 2022, a Lua foi protagonista, com um belo eclipse lunar total em maio, este ano, ela fica mais “apagada”, e o Sol nos brindará com o grande fenômeno do ano, em outubro.

Eclipses solares são mais raros de se ver. “A cada ano você tem ao menos um eclipse anular do sol ou dois, mas o que torna ele muito raro é essa faixa onde pode ser visto, que passa por alguns países, mas é de no máximo 270 quilômetros de largura”, explica Josina.

“O da Lua não. No eclipse lunar, a Lua está entrando na sombra da Terra. Quem vê a Lua, vê a Lua eclipsada. E o Sol não, só vê o eclipse do Sol total ou anular quem está naquela faixa. Quem está fora verá um eclipse parcial, e quem está fora da faixa de parcialidade não vê eclipse nenhum”, completa.

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Um eclipse solar ocorre quando a Lua “passa” na frente do Sol. Mas como ela, com um diâmetro 400 vezes menor, consegue “escondê-lo”? A explicação reside no diâmetro aparente. “O tamanho da Lua é muito menor, mas ela está numa distância muito pequena (da Terra). A distância compensa, então, o diâmetro que a gente vê da Lua é muito parecido com o que a gente vê do Sol.”

Eclipses

Em 14 de outubro, no Brasil será possível observar um eclipse anular do Sol. A faixa de anularidade passará pelos Estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, conforme Josina. Nas demais partes do País, será possível ver um eclipse parcial.

No eclipse anular, a Lua está um pouco mais distante da Terra na sua órbita, explica a astrônoma. “Em vez de ela ficar certinho com o diâmetro aparente do Sol, ela está menorzinha. Por isso, não cobre totalmente o Sol, não cria aquele efeito de o dia virar noite, mas cria outro efeito muito bonito também, que é você ter o Sol com uma sombra escura no meio e, em volta, um anel muito brilhante”, diz. Alguns chamam o fenômeno de “anel de fogo”.

Eclipse solar anular em Jabal Arba (Quatro Montanhas), em Hofuf, na Província Oriental da Arábia Saudita, em 26 de dezembro de 2019. Foto: Hamad I Mohammed/Reuters

Observar o Sol requer cuidados, pois pode causar danos à retina e até mesmo levar à cegueira. Por isso, não se deve acompanhar o eclipse a olho nu, muitos menos com binóculo e telescópio. É preciso usar proteção. Uma das alternativas mais baratas de se proteger, conforme Josina, é um filtro de soldador 14.

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Um fenômeno celeste como esse é raro. A astrônoma lembra que a última vez que um eclipse solar foi visto no Brasil foi na primeira década dos anos 2000. O próximo eclipse anular só deve ser observado no País em 2034. E um eclipse total, apenas em 2045. Para quem estiver fora da faixa de anularidade, o Observatório Nacional fará transmissão ao vivo do evento na internet.

Alguns meses antes, em 20 de abril, vai haver eclipse total do Sol. Contudo, não será visível no Brasil, só em partes da Austrália, da Antártica e do sudeste asiático, conforme a agência espacial americana (Nasa).

Crianças usando óculos de proteção especial observam o eclipse solar anular em Siak, na Indonésia, em 26 de dezembro de 2019 Foto: Willy Kurniwan/Reuters

A Lua também eclipsará em 2023. No entanto, será um eclipse penumbral – quando a Lua entra na sombra externa da Terra (penumbra) –, que é pouco visível. Conforme a Nasa, isso deve ocorrer em 5 de maio.

Superlua e Lua Azul

Mesmo que os eclipses lunares não sejam o forte de 2023, isso não significa que o satélite natural da Terra vai decepcionar completamente os observadores. Duas superluas cheias vão marcar este ano.

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Josina explica que há uma superlua quando uma Lua Nova ou Cheia ocorre perto do perigeu (ponto da órbita da Lua em que ela está mais próxima da Terra). “Esse termo (superlua) não é astronômico, mas é impossível não chamar assim, porque ela fica até 30% mais brilhante e o diâmetro aparente pode ficar até 14% maior.”

As duas superluas deste ano ocorrem em agosto. A primeira já no dia e a segunda no dia 30 ou 31 de agosto (a depender do fuso do País que estivermos considerando).

Superlua registrada em São Paulo em 2020 Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Agosto também nos presenteia com uma Lua Azul (outro termo que é popular, não científico). Ele não se refere à coloração do satélite, mas sim ao fato de ser a segunda Lua Cheia dentro de um mesmo mesmo mês civil.

Então, além de superlua, o fenômeno do dia 30/31 será uma Lua Azul.

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Chuva de meteoros

Cerca de 44 toneladas de material meteorítico caem na Terra a cada dia, conforme a Nasa. Quase todo é vaporizado na atmosfera, deixando um rastro brilhante, são as “estrelas cadentes”. Chuvas de meteoros ocorrem anualmente à medida que a Terra passa pelo rastro de detritos empoeirados deixados por um cometa.

O Observatório Real de Greenwich lista as 12 mais importantes e visíveis. São elas:

Quadrantídeos: 28 de dezembro de 2022 até 12 de janeiro de 2023 (máximo: 3 e 4 de janeiro). Pico: 110 meteoros por hora.

Lyrids: 14 a 30 de abril (máximo: 22 a 23 de abril). Pico: 18 meteoros por hora.

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Eta Aquariid: 19 de abril a 28 de maio (máximo: 6 de maio). Pico: 50 meteoros por hora.

Alpha Capricornids: 3 de julho a 15 de agosto (máximo: 30 de julho). Pico: 5 meteoros por hora.

Delta Aquáridas: 12 de julho a 23 de agosto (máximo: 30 de julho). Pico: 25 meteoros por hora.

Perseidas: 17 de julho a 24 de agosto (máximo: 12 a 13 de agosto). Pico: 100 meteoros por hora.

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Draconids: 6 a 10 de outubro (máximo: 8 a 9 de outubro). Pico: 10 meteoros por hora.

Orionids: 2 de outubro a 7 de novembro (máximo: 21 a 22 de outubro). Pico: 25 meteoros por hora.

Taurids: 10 de setembro a 20 de novembro, no Hemisfério Sul (máximo: 10 a 11 de outubro ). Pico: 5 meteoros por hora.

Leonids: 6 a 30 de novembro (máximo: 17 a 18 de novembro). Pico: 10 meteoros por hora.

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Geminids: 4 a 20 de dezembro (máximo: 14 a 15 de dezembro). Pico: 150 meteoros por hora.

Ursids: 17 a 26 de dezembro (máximo: 22 a 23 de dezembro). Pico: 150 meteoros por hora.

Observar chuvas de meteoros, porém, não é tarefa fácil. É preciso de paciência e, sobretudo, se afastar dos centros urbanos, para fugir da poluição luminosa, que tem crescido vertiginosamente nas cidades, diz Josina.

Conjunções

A astrônoma conta ainda que, em todos os meses, a Lua passeia pelo céu “passando aparentemente próxima dos planetas”. “Em todos os meses os planetas estarão em conjunção com a Lua e conjunção entre si.” Ela cita três belas combinações para observar ao longo deste ano:

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22 de janeiro: conjunção de Vênus com Saturno. Segundo a astrônoma, será visível muito próximo do horizonte oeste, logo após o pôr do Sol.

21 a 23 de fevereiro: Lua, Vênus e Júpiter próximos do horizonte oeste.

1º de março: conjunção de Vênus e Júpiter próximo do horizonte oeste, logo a após o pôr do Sol.

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