O que causa a enxaqueca? Cientistas dizem que doença pode ser resultado de ‘apagão’ no cérebro

Interrupção da atividade dos neurônios libera líquido que chega ao sistema nervoso central e ativa receptores de dor, dizem pesquisadores

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Por Pedro Pannunzio

Estudos indicam que cerca de 15% dos brasileiros sofrem com enxaqueca, doença crônica que provoca dores de cabeça latejantes, que pode ser acompanhada de outros sintomas como sensibilidade à luz, ao som e náuseas.

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, se debruçou sobre fatores neurológicos que podem ajudar a explicar o que causa a doença. O resultado foi publicado na revista científica Science.

Enxaqueca provoca dores de cabeça latejantes, sensibilidade à luz, ao som e náuseas. Foto: Sebastian Kaulitzki/Adobe Stock

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A pesquisa sugere que a enxaqueca pode ser resultado de um “apagão cerebral”, quando a atividade dos neurônios é interrompida. Os pesquisadores realizaram testes em ratos, que foram induzidos a uma fase chamada de aura, anterior às dores agudas da enxaqueca. É nessa etapa que os sintomas como náusea e sensibilidade à luz aparecem. Esse é também o momento que o cérebro entra em “apagão”.

O estudo identificou que a entrada na fase aura faz com que o líquido cefalorraquidiano - um fluido biológico que integra o sistema nervoso central - chegue aos nervos do crânio e ative receptores de dor, que causam as dores de cabeça.

Os pesquisadores dizem que essa transmissão ocorre por meio da abertura de uma brecha - até então desconhecida - no nervo trigeminal, um dos nervos cranianos. O espaço aberto permite que o líquido cefalorraquidiano inunde o nervo e, em seguida, os receptores de dor são ativados.

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Durante a fase aura, observou-se aumento da atividade das células trigeminais, daí a conclusão dos pesquisadores da relação de causa e efeito. O mesmo teste foi realizado duas horas e meia após a indução a mesma fase e já não havia mais sinais de transmissão do líquido.

“Seja o que for liberado no líquido cefalorraquidiano, é degradado. Portanto, é um fenômeno de curta duração”, disse a neurocientista Maiken Nedergaard, uma das autoras do estudo, à Nature.

Leia aqui o estudo na íntegra.

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