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O que é a tempestade solar que deve acontecer a qualquer momento

Beleza das luzes esconde riscos para satélites, GPS e transmissões de rádio. Governo dos Estados Unidos alerta que explosão deve se repetir neste final de semana

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Na noite de 10 de maio, uma tempestade geomagnética que partiu do sol proporcionou auroras boreal (no norte) e austral (no sul) simultâneas no planeta. Normalmente visível apenas nos polos, dessa vez o fenômeno pode ser observado a partir do Canadá, dos Estados Unidos e até do México, no norte, do Uruguai, Chile e outros países no sul.

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A beleza das luzes rosas, verdes, roxas, avermelhadas, parte delas em formato de cortinas que se movimentam, esconde uma ameaça: as tempestades solares que causam as auroras também podem interferir em sistemas de transmissão de rádio, internet, eletricidade e GPS, a partir da ejeção de massa coronal (EMC), que é a erupção de material solar capaz de penetrar na atmosfera terrestre.

Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, órgão do governo norte-americano que monitora as condições climáticas, neste final de semana deve ocorrer mais uma tempestade solar, menos intensa do que a de maio. E outras, de intensidade por enquanto imprevista, devem vir até 2025.

Aurora boreal no Canadá: fenômeno também inclui riscos a satélites e serviços de comunicação e localização Foto: Martina Gebrovska/Bachford Lake Lodge/Divulgação

A tempestade de maio - a mais forte a atingir a Terra desde outubro de 2003 - fez o GPS deixar de funcionar em algumas regiões dos Estados Unidos, mas não houve registro de interferências mais graves. A tempestade mais intensa da história foi registrada em 1859 e conduziu tanta energia que fez funcionarem telégrafos não conectados a tomadas, segundo registros da época.

“Nosso planeta foi atingido por uma sequência de explosões solares intensas, a partir do dia 10 às 15h30, com um poder de penetração na nossa proteção magnética que não era visto desde as famosas tempestades de Halloween em 2003, que impactaram muitas tecnologias e serviços em missões embarcadas em satélites”, registrou em nota o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), após o episódio de maio. “Embora tenham sido levantadas preocupações sobre perturbações nos satélites e nos equipamentos de comunicação, os impactos globais informados até o momento foram mínimos, destacando-se a melhoria da resiliência da tecnologia moderna”, concluiu o Inpe.

O chefe da divisão de astrofísica do Inpe, Joaquim Costa, conta que, em 2012, houve uma explosão solar muito intensa, por sorte não voltada para a Terra, mas detectada por satélite. Segundo ele, se ocorresse voltada para a Terra, essa explosão teria destruído cerca de 2 mil satélites e causado prejuízos de US$ 3 trilhões (o equivalente R$ 16,7 trilhões), boa parte em função dos equipamentos que seriam queimados na Terra em função das descargas elétricas.

Tempestades

As tempestades são provocadas por manchas solares – espécies de “hematomas” na superfície do sol – e podem ser de cinco intensidades diferentes. O conjunto de manchas que causou as auroras em maio, com tempestade de grau máximo, também provocou explosão com capacidade para interromper a transmissão de rádio em ondas curtas por até uma hora e meia no Brasil e em toda a América (qualquer frequência abaixo de 30 MHz pode ter perdido o sinal) e agora inicia novo período de riscos.

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O intervalo entre os períodos de risco varia conforme duas condições. As manchas só causam efeitos sobre a Terra durante os dias em que estão voltadas para o planeta, e o sol demora 27 dias para dar uma volta em si mesmo. As explosões na superfície do sol demoram de 17 horas a vários dias para impactar a Terra.

Segundo os cientistas, ainda não é possível prever com antecedência a intensidade dessas tempestades – estima-se que até 2025 voltem a ocorrer outras de força máxima. A previsão sobre a intensidade dessa próxima será mais precisa quando o conjunto de manchas estiver na direção dos satélites de observação, o que permitirá aos cientistas do Centro de Previsão do Clima Espacial em Boulder, no Colorado, determinar melhor sua estrutura magnética.

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