Ötzi, o ‘homem das neves’, era calvo e de pele mais escura do que se pensava

Pesquisadores pensavam que a pele da múmia escureceu durante o tempo em que foi exposta à neve, mas é provável que essa seja, na verdade, a cor original

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Por Redação
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Ötzi, um homem que viveu há 5.000 anos, cujo corpo mumificado foi encontrado nos Alpes, tinha pele mais escura do que se pensava e apresentava uma calvície avançada, de acordo com um estudo publicado pelo Instituto Max Planck de Antropologia de Leipzig, nesta quarta-feira, 16.

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A análise do genoma dessa conhecida múmia estabeleceu que seus ancestrais vieram da Anatólia, na atual Turquia, acrescentou o centro alemão, que fez esse estudo em conjunto com o instituto italiano Eurac, com sede em Bolzano.

Ötzi, que os cientistas estimam ter cerca de 45 anos quando morreu, provavelmente tinha pouco cabelo e seus genes mostram uma predisposição à calvície, o que explica “por que quase não encontramos cabelo na múmia”, disse o coautor do estudo Albert Zink, do Instituto Eurac.

Ötzi, conhecido como o homem das neves, tem mais de 5.300 anos e é a múmia mais antiga conhecida preservada no gelo. Foto: South Tyrol Museum of Archaeology/Eurac/Marco Samadelli-Gregor Staschitz

Os pesquisadores pensavam que a pele da múmia escureceu durante o tempo em que foi exposta à neve, mas é provável que essa seja, na verdade, a “cor original” da pele de Ötzi, estimou Zink.

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O genoma dos restos mortais já foi decodificado em 2012, mas neste estudo os cientistas usaram métodos de sequenciamento melhorados que permitem refinar a análise.

Ötzi tem um porcentual de genes muito elevado dos primeiros agricultores oriundos da Anatólia, em comparação com seus congêneres europeus, segundo o estudo.

Os pesquisadores inferiram, então, que pertenceu a uma população isolada e com pouco contato com outros grupos.

A população atual da Europa procede de uma mistura de três grupos: os primeiros caçadores-coletores do continente; as comunidades agrícolas que chegaram do Oriente Médio há 8.000 anos; e os pastores das estepes do Leste Europeu que se juntaram, há cerca de 4.900 anos.

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Os traços genéticos desta população das estepes encontrados em Ötzi nas primeiras análises não foram confirmados por este novo estudo. A hipótese é que a amostra pode ter sido contaminada com DNA moderno.

“Nos surpreendeu muito não encontrar qualquer vestígios dos pastores das estepe da Europa Oriental no novo genoma Ötzi, e a proporção de caçadores-coletores é muito baixa”, disse Johannes Krause, pesquisador da Max Planck e coautor do estudo.

“Geneticamente, parece que seus ancestrais vieram diretamente da Anatólia”, acrescentou. / AFP

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