Pelos nas narinas, hashi elétrico e ‘ressuscitar’ aranhas: que pesquisas levaram paródia do Nobel?

Premiação bem humorada distribuiu dez prêmios para pesquisas insólitas que “fazem rir e, depois, pensar”

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Foto do author Roberta Jansen
Atualização:

De que forma a vida sexual das anchovas afeta as marés? Temos o mesmo número de pelos nas duas narinas? Por que os geólogos gostam de lamber pedras? Essas foram algumas das perguntas respondidas por estudos premiados na edição deste ano do Ig Nobel. O prêmio celebra áreas incomuns da pesquisa científica que “fazem rir e depois pensar”. Cada vencedor recebeu uma nota (já fora de circulação) de US$ 10 trilhões do Zimbábue.

Estudo sobre técnica para 'reviver' aranhas foi uma das vencedoras Foto: Preston Innovation Laboratory/Rice University

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O prêmio bem humorado não tem relação com o bem mais sisudo Nobel, que destaca as maiores descobertas de ciência, literatura e direitos humanos e será anunciado no mês que vem. O Ig Nobel é promovido pela revista Anais da Pesquisa Improvável e visa a “celebrar o incomum, honrar o que é imaginativo e estimular o interesse das pessoas pela ciência, medicina e tecnologia”. Foram dez prêmios anunciado na noite de quinta-feira, 14, em uma cerimônia online.

Um grupo da Universidade Rice (EUA) levou o Ig Nobel de Engenharia Mecânica por seu trabalho de reanimar aranhas mortas para usá-las como ferramenta preênsil - considerada uma criativa abordagem “necrobótica”.

Jan Zalasiewicz, da Universidade de Leicester (Reino Unido), levou o Ig Nobel de Química e Geologia por explicar por que os cientistas gostam de lamber pedras. Segundo o pesquisador, no século 18, o geólogo italiano Giovanni Arduino costumava lamber as pedras para identificá-las. Atualmente, no entanto, cientistas fazem isso por um motivo diferente:

“Fazemos isso para ajudar a visão, não o paladar, porque uma superfície molhada revela partículas minerais invisíveis em superfícies secas”, explicou Zalasiewicz ao jornal britânico The Guardian.

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O Ig Nobel de Nutrição foi para a dupla japonesa Homei Miyashita, da Universidade Meiji, e Hiromi Nakamura, da Universidade de Tóquio, que criou canudos e hashis eletrificados para intensificar o sabor dos alimentos. Segundo os pesquisadores, com a estimulação elétrica da língua, por exemplo, os alimentos parecem mais salgados.

Já o prêmio de Saúde pública foi para pesquisadores que desenvolveram um vaso sanitário inteligente, capaz de analisar as fezes humanas em busca de eventuais doenças. Pesquisadores que usaram cadáveres humanos para descobrir se temos o mesmo número de pelos em cada narina levaram o Ig Nobel de Medicina (são, em média, 120 pelos na narina esquerda e 112 na direita).

Especialistas que avaliaram neuroimagens de pessoas que são consideradas especialistas em falar de trás para frente ganharam o Ig Nobel de Comunicação. O prêmio de Literatura, por sua vez, foi para pesquisadores que investigaram a sensação peculiar identificada quando repetimos muitas vezes seguidas uma palavra conhecida – um fenômeno que eles chamaram de “jamais vu”, em que as pessoas passam a achar muito estranho o que é familiar.

Hashi elétrico promete ressaltar sabores Foto: Issei Kato/Reuters

O Ig Nobel de física foi para os pesquisadores que descobriram que a atividade sexual das anchovas na costa da Galícia, na Espanha, altera a movimentação dos oceanos.

Os psicólogos americanos Stanley Milgram, Leonard Bickman e Lawrence Berkowitz ganharam o prêmio de Psicologia por investigarem por que as pessoas olham para cima quando veem outras pessoas olhando para cima. Por fim, o prêmio de Educação foi concedido para um trabalho que demonstrou como o tédio de professores afeta o tédio dos alunos em sala de aula.

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