Pesquisador brasileiro ganha a Medalha Fields, o 'Nobel' da Matemática

Artur Avila, de 35 anos, foi escolhido pela União Internacional de Matemática. É a 1ª vez que um latino-americano recebe a láurea

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RIO - O matemático carioca Artur Avila Cordeiro de Melo, de 35 anos, foi escolhido pela União Internacional de Matemática para receber a Medalha Fields, considerado o prêmio Nobel de Matemática. É a primeira vez que um latino-americano recebe essa láurea. O prêmio está sendo concedido na manhã desta quarta-feira (horário local) em Seul, na Coreia do Sul, durante o 27º Congresso Internacional de Matemáticos, promovido desta terça-feira até o dia 21 de agosto. Acompanhe a cobertura da premiação pela Revista Piauí

Artur mora em Paris, onde trabalha como diretor de pesquisa no Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, na sigla em francês). Simultaneamente (e desde 2006) o matemático é pesquisador extraordinário do Instituto de Matemática Pura Aplicada (Impa), no Rio de Janeiro, onde concluiu seu doutorado em 2001.

Artur estudou em dois colégios tradicionais do Rio Foto: Divulgação

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A Medalha Fields é concedida a cada quatro anos a no mínimo dois e no máximo quatro profissionais com menos de 40 anos cujos trabalhos tenham sido considerados fundamentais para o avanço da matemática pelo comitê julgador. Além de Artur, também ganharão a medalha neste ano o canadense Manjul Bhargava, o austríaco Martin Hairer e a iraniana Maryam Mirzakhani.

Aos quatro premiados neste ano somam-se outros 52 agraciados com a Medalha Fields desde o lançamento do prêmio, em 1936. A medalha foi criada pelo canadense John Charles Fields para compensar a ausência da matemática entre as ciências premiadas com o Prêmio Nobel, instituído pelo sueco Alfred Nobel em 1895. Cada vencedor da Medalha Fields recebe 15 mil dólares canadenses (R$ 31 mil), enquanto o Nobel concede a cada laureado 8 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,6 milhões). 

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Ao justificar a premiação, o júri escreveu que Artur "fez notáveis contribuições no campo dos sistemas dinâmicos, análise e outras áreas, em muitos casos provando resultados decisivos que resolveram problemas há muito tempo em aberto. Quase todo seu trabalho foi feito por meio de colaborações com cerca de 30 matemáticos de todo mundo. Para estas colaborações, Avila traz um formidável poder técnico, a engenhosidade e tenacidade de um mestre em resolver problemas e um profundo senso para questões profundas e significativas. Os feitos de Avila são muitos e abrangem uma ampla gama de tópicos. Com sua combinação de tremendo poder analítico e profunda intuição sobre sistemas dinâmicos, Artur Avila certamente continuará um líder na Matemática ainda por muitos anos.”

Artur estudou em dois colégios tradicionais do Rio, Santo Agostinho e São Bento, e aos 13 anos ganhou sua primeira medalha - de bronze - na Olimpíada Brasileira de Matemática de 1992, a primeira de que participou. Ele começou a estudar no Instituto de Matemática Pura Aplicada (Impa) em 1995, enquanto cursava o ensino médio no Colégio Santo Agostinho. Em 1997, mesmo ano em que iniciou a graduação em matemática na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), concluiu o mestrado no Impa. Em 2001, ao concluir a graduação na UFRJ, também terminou seu doutorado, pelo mesmo Impa, sob a orientação de Welington de Melo.

Em 2003 ingressou no Centro Nacional de Pesquisa Científica, em Paris, onde desde 2008 atua como diretor de pesquisa, sendo atualmente ligado ao Institut de Mathématiques de Jussieu. Recebeu a Medalha de Bronze do CNRS e o Prêmio Salem em 2006, o prêmio da Sociedade Européia de Matemática em 2008, o Grande Prêmio Jacques Herbrand da Academia de Ciências da França em 2009, o prêmio Michael Brin em 2011 e o Early Career Award da Associação Internacional de Física Matemática em 2012.

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