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Planeta recém-descoberto tem nuvens metálicas e forma ‘espelho’ no espaço; veja animação

Astro tem o tamanho de Netuno e é capaz de refletir cerca de 80% da luz solar do sistema ao qual faz parte; Vênus, que era considerado o planeta mais “brilhante” até então, reflete 75%

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Foto do author Giovanna Castro
Atualização:

Um estudo recém-publicado na revista Astronomy & Astrophysics revelou que o planeta LTT9779 b, que foi descoberto e começou a ser estudado em 2020 em uma missão da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa), é capaz de refletir 80% da luz da estrela que fica ao centro de seu Sistema Solar. O efeito, mostrado em uma animação que faz parte do estudo, é uma grande bola espelhada rodando no espaço.

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Até então, o planeta mais brilhante descoberto pelo ser humano era Vênus, que pertence ao mesmo Sistema Solar da Terra e é capaz de refletir até 75% do brilho do Sol. A título de comparação, nosso planeta reflete apenas 35% da luz solar.

Ainda que as capacidades de reflexão do LTT9779 b e de Vênus sejam similares, o efeito deles no espaço é bastante diferente. Isso porque o astro que vem sendo estudado tem mais do que o triplo do tamanho do antigo primeiro colocado do ranking dos planetas mais brilhantes.

Enquanto Vênus tem um diâmetro aproximado de 12.104 km, o LTT9779 b tem o mesmo tamanho de Netuno (49.244 km de diâmetro). Vale lembrar que Netuno é o quarto maior planeta do nosso Sistema Solar, atrás apenas de Júpiter, Saturno e Urano, os três primeiros colocados, em sequência.

O motivo pelo qual o LTT9779 b tem tamanha capacidade refletora, segundo os cientistas que assinam o estudo, são as nuvens de metal que o circundam. Elas são feitas principalmente de silicato – mesmo material da areia e do vidro – misturado com metais como o titânio. Além disso, o planeta ainda não passou totalmente pelo processo de resfriamento.

Veja a animação:

‘Imagine em um mundo em chamas’

“Imagine um mundo em chamas, perto de sua estrela, com nuvens pesadas de metais flutuando no alto, fazendo chover gotas de titânio”, diz James Jenkins, astrônomo da Universidade Diego Portales e do CATA de Santiago, no Chile, e co-autor do artigo científico.

De acordo com os cientistas, a fração de luz que um objeto reflete é chamada de “albedo” e a maioria dos planetas tem um albedo baixo, “seja porque têm uma atmosfera que absorve muita luz, seja porque sua superfície é escura ou áspera”.

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As exceções tendem a ser mundos de gelo ou planetas como Vênus, que possuem camada de nuvem reflexiva. Já o alto albedo do LTT9779 b foi uma surpresa. Afinal, o lado do planeta que fica voltado para a estrela de seu sistema solar tem temperatura estimada de cerca de 2.000 °C.

O lado do planeta LTT9779 b que fica fica voltado para a estrela de seu sistema solar tem temperatura estimada de cerca de 2.000 °C, afirmam cientistas. Foto: Ricardo Ramírez Reyes/ Universidad de Chile

Qualquer temperatura acima de 100 °C é muito quente para a formação de nuvens de água, mas a temperatura da atmosfera deste planeta deve ser muito quente para nuvens feitas de metal ou vidro, segundo um texto de divulgação do estudo publicado pela revista científica.

“Foi realmente um quebra-cabeça, até que percebemos que deveríamos pensar nessa formação de nuvens da mesma forma que a condensação que se forma em um banheiro após um banho quente”, diz Vivien Parmentier, pesquisadora do Observatório da Côte d’Azur (França) e co-autora da pesquisa.

“Para vaporizar um banheiro, você pode resfriar o ar até que o vapor de água se condense ou pode manter a água quente funcionando até que as nuvens se formem, porque o ar está tão saturado de vapor que simplesmente não consegue mais reter. Da mesma forma, o LTT9779 b pode formar nuvens metálicas apesar de ser tão quente porque a atmosfera está supersaturada com silicato e vapores de metal”, explica a especialista.

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