Nobel de Medicina vai para especialista em evolução humana, filho de outro ganhador do prêmio

Svante Pääbo desenvolve pesquisa pioneira de análise de DNA de hominídeos; o pai do pesquisador foi um bioquímico que recebeu a mesma homenagem há quarenta anos

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Por Redação
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O Prêmio Nobel de Medicina, anunciado nesta segunda-feira, 3, vai para o especialista em genética evolucionária Svante Pääbo, da Suécia. Segundo a Assembleia Nobel do Instituto Karolinska de Estocolmo, responsável pela homenagem, ele foi escolhido por suas descobertas relacionadas ao genoma de extintos hominídeos e a evolução humana.

Pääbo, de 67 anos, estabeleceu “uma disciplina científica completamente nova, a paleogenômica”, ao revelar diferenças genéticas que distinguem os humanos vivos dos hominídeos extintos, segundo o instituto sueco. Tradicionalmente, pesquisadores usavam artefatos antigos ou ossos para saber mais sobre nossos antepassados, mas ele mostrou que era possível analisar o DNA desses hominídeos. As descobertas do cientista do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária de Leipzig “oferecem a base para explorar o que nos faz unicamente humanos”, acrescentou a organização.

Biólogo sueco Svante Pääbo, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina, em foto tirada em setembro de 2018. Foto: Christian Charisius/dpa via AP

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Ele também foi responsável por descrever que havia se produzido uma transferência de genes destes hominídeos, agora extintos, para o Homo sapiens. Esse antigo fluxo de genes para os humanos atuais tem relevância, afetando a forma como o sistema imunológico reage a infecções, por exemplo.

Além disso, o Instituto Karolinska destacou que ele desenvolveu um trabalho considerado impossível: “sequenciar o genoma de um neandertal, um parente extinto dos humanos de hoje. “Também fez a sensacional descoberta de um hominídeo extinto, o denisovano, completamente com base em dados de genoma recuperados de uma amostra de osso do dedo mínimo, encontrado em bom estado de preservação em uma caverna siberiana.

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Ele também foi responsável pela descoberta de um novo hominídeo, que chamou de Denisova — uma referência ao nome da caverna. A robustez de suas pesquisas deu origem a uma nova disciplina científica: a paleogenômica.

A partir de fósseis de cerca de 40 mil anos, ele comprovou que também temos parte desse DNA. Analisando o material genético bem preservado do osso de um dedo,

Tela mostra Svante Pääabo, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina. Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

O especialista é filho de outro Nobel de Medicina, o bioquímico Sune K Bergström, que ganhou a homenagem em 1982 por sua pesquisa sobre as prostaglandinas, substâncias similares a hormônios que regulam vários processos no organismo. Pääbo era filho de um relacionamento extraconjugal de Bergström e tinha contato restrito com o pai.

Em entrevistas, o geneticista já declarou que seu interesse pelo passado dos homens surgiu na adolescência, quando era um apaixonado por egiptologia e visitou pela primeira vez o país africano, levado pela mãe. Anos depois, Pääbo se envolveu em pesquisas que tinham o objetivo de analisar o DNA de múmias.

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Em entrevista à imprensa, ele disse ter ficado surpreso com a homenagem. Ao receber a ligação da Suécia pela manhã, o cientista, que vive na Alemanha. achou que era o aviso sobre algum problema com sua casa de verão, que mantém em seu país natal. “Achei que era para falar que o cortador de gramas havia estragado!”

Desde o ano passado, tem havido expectativa sobre a premiação ser dada aos desenvolvedores da vacina de RNA contra a covid-19 - em especial para a pesquisadora húngara radicada nos Estados Unidos Katalin Kariko -, mas os responsáveis pela láurea costumam esperar alguns anos para que a descoberta científica se consolide.

Prêmio é de cerca de 10 milhões de coroas suecas Foto: Reuters

Como funciona o prêmio

As indicações para o Nobel têm início um ano antes do anúncio dos vencedores. Cientistas, professores, acadêmicos e vencedores de outras edições enviam nomes para a consideração do Comitê Nobel, que decide quais serão os indicados de fato. Não é possível que uma pessoa indique a si mesma para a seleção.

O Prêmio Nobel foi criado pelo químico, inventor e empresário sueco Alfred Nobel, que patenteou mais de 350 produtos ao longo da vida — como a borracha, o couro sintético e o explosivo dinamite.

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Alfred Nobel morreu em 1896, aos 63 anos, e determinou no testamento que a maioria de sua fortuna — estimada em mais de 31 milhões de coroas suecas — deveria ser convertida em um fundo que concedesse “prêmios para quem, durante o ano anterior, tiver conferido à humanidade os maiores benefícios”. A láurea, porém, só foi dada a partir de 1901

A entrega das honrarias ocorre sempre no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Nobel. Os laureados recebem diploma, medalha de ouro e uma quantia em dinheiro. Neste ano, esse valor será de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 4,88 milhões). / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Quais serão os próximos premiados?

Terça, 4: Nobel de Física

Quarta, 5: Nobel de Química

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Quinta, 6: Nobel de Literatura

Sexta, 7: Nobel da Paz

Segunda, 10: Ciências Econômicas

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