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Nobel de Química vai para trio que usa inteligência artificial para decifrar segredos das proteínas

Dupla que atua em empresa comprada pelo Google usa softwares para prever as redes proteicas; o outro laureado é pesquisador americano ‘construtor’ de novas estruturas

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Foto do author Roberta Jansen
Atualização:

O Nobel de Química de 2024 foi concedido para três cientistas que usam a inteligência artificial para decifrar a estrutura das proteínas, anunciou a Real Academia Sueca de Ciências, em Estocolmo, na manhã desta quarta-feira, 9. Um deles é David Baker, da Universidade de Washington (EUA) e os outros dois laureados são Demis Hassabis e John M. Jumper, do Google DeepMind, uma empresa britânica focada em soluções que usam a IA, comprada pelo Google em 2014.

Na foto, os ganhadores do Prêmio Nobel de Química. David Baker, da Universidade de Washington (EUA), e Demis Hassabis e John M. Jumper, do Google DeepMind, uma empresa britânica focada em soluções que usam a IA. Foto: Reprodução/Instagram/nobelprize_org

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A dupla de cientistas que atua no Reino Unido usou a inteligência artificial para resolver um problema de mais de cinco décadas da bioquímica: antecipar como são as estruturas complexas de proteínas e aminoácidos.

Eles desenvolveram o bem-sucedido programa computacional AlphaFold 2 e os avanços científicos desses estudos tornaram possível prever a estrutura de mais de 200 milhões de proteínas conhecidas.

Baker, por sua vez, foi capaz de desenvolver um modelo para criar proteínas inteiramente novas - em alguns casos, com funções totalmente novas também. No fim dos anos 1990, ele começou a desenvolver o software Rosetta, cuja publicação dos resultados ocorreu em 2003. Ele também liberou o código do programa para a comunidade científica.

Proteínas desenvolvidas usando o programa Rosetta de Baker. Foto: Divulgação/Prêmio Nobel de Qúimica 2024

O prêmio é oferecido aos responsáveis por descobertas de grande importância, “que tenham alterado paradigmas científicos e que tragam grandes benefícios para a humanidade”.

Além da medalha e do diploma, os laureados levam para casa uma quantia substancial em dinheiro, 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 5,88 milhões). O prêmio de Química vem sendo entregue desde 1901, quando a premiação teve início, seguindo as diretrizes deixadas postumamente no testamento do químico e inventor sueco Alfred Nobel (1833-1896).

Os vencedores do Nobel de Química do ano passado foram os pesquisadores Moungi G. Bawendi, Louis E. Brus e Alexei I. Ekimov. Eles desenvolvem trabalhos na área de nanotecnologia.

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O trio foi reconhecido pelas pesquisas sobre pontos quânticos, nanopartículas tão pequenas que seu tamanho determina suas propriedades. Esses pequenos componentes têm uso na área de eletrônica, como TVs e lâmpadas LED, computação e na Medicina avançada, como em cirurgias de remoção de tecidos tumorais.

O francês Bawendi é professor no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e o americano Brus atua na Universidade de Columbia, ambas instituições americanas. Já o russo Ekimov foi cientista-chefe da Nanocrystals Technology, em Nova York.

As indicações para o Nobel têm início um ano antes do anúncio dos vencedores. Cientistas, professores, acadêmicos e vencedores de outras edições enviam nomes para a consideração do Comitê Nobel, que decide quais serão, de fato, indicados.

O Prêmio Nobel foi criado pelo químico, inventor e empresário sueco Alfred Nobel (1833-1896), que patenteou mais de 350 produtos ao longo da vida — como a borracha, o couro sintético e o explosivo dinamite.

Desde 1901, foram entregues 114 prêmios para 191 laureados. Em mais de um século de premiação, apenas oito mulheres ganharam o Nobel de Química, sendo que cinco delas foram laureadas nos últimos quinze anos. A primeira mulher a receber o prêmio foi Marie Curie, em 1911. Ela já tinha um Nobel de Física, concedido em 1903. A segunda mulher a levar o prêmio de Química foi a filha de Marie Curie, Irene Juliot-Curie, em 1935.

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