Prêmio Nobel: Veja outros casos de pais e filhos que foram homenageados

O laureado de Medicina deste ano, o pesquisador sueco Svante Pääbo, é filho do vencedor da edição de 1982 Sune Bergström

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Por Raisa Toledo
Atualização:

O mais novo ganhador do Prêmio Nobel de Medicina, anunciado nesta segunda-feira, 3, é o geneticista sueco Svante Pääbo, que realizou o sequenciamento do DNA dos neandertais. A partir de fósseis de cerca de 40 mil anos, ele comprovou que também temos parte desse DNA. Analisando o material genético bem preservado do osso de um dedo, encontrado em uma caverna siberiana, ele também descobriu um novo hominídeo, que chamou de Denisova — uma referência ao nome da caverna —, e suas pesquisas deram origem a uma nova disciplina científica: a paleogenômica.

Pääbo não é o único de sua família a contar com um Prêmio Nobel. Em 1982, seu pai, Sune Bergström, falecido em 2004, também venceu na mesma categoria por seu trabalho sobre as prostaglandinas, substâncias semelhantes a hormônios que participam de processos fisiológicos como controle da pressão sanguínea, contrações musculares e reações alérgicas.

Swedish scientist Svante Paabo smiles at the award ceremony at the Hamburg Kerber Foundation's European Science Prize, in Hamburg, Germany, Sept. 7, 2018. On Monday, Oct. 3, 2022 the Nobel Prize in physiology or medicine was awarded to Swedish scientist Svante Paabo for his discoveries on human evolution. (Christian Charisius/dpa via AP) 

Ao longo da história do Prêmio Nobel, cuja primeira edição ocorreu em 1901, vários casos em que mais de um membro da mesma família se tornou um laureado foram registrados. São oito que envolvem pais e filhos, seis entre casais e um entre irmãos.

Família de Marie e Pierre Curie

A família de Marie e Pierre Curie, descobridores do polônio e do rádio, é a que mais tem prêmios Nobel. São cinco premiações no total: uma de Física recebida pelos dois (1903), uma de Química conquistada por Marie (1911), e outra de Química dividida entre a filha deles, Irène Joliot-Curie, e seu marido, Frédéric Joliot (1935).

O casal de cientistas ganhou junto o Prêmio Nobel de Física por descobrir a radioatividade, em 1903. Três anos depois, Pierre morreu e sua mulher continuou os estudos, sendo premiada com o Nobel de Química. Ela foi a primeira mulher a ganhar o prêmio e a primeira a ser admitida como docente na Universidade de Sorbonne. Foto: Reprodução/ YouTube

William Bragg e Lawrence Bragg

Pai e filho, a dupla conquistou o Prêmio Nobel de Física em 1915, pela análise da estrutura cristalina por meio de raios X. A descoberta deu origem ao campo da cristalografia de raios X. A cristalografia é usada para estudar a estrutura dos materiais a nível atômico e a relação entre essa estrutura e as propriedades da matéria, usando para isso um feixe de radiação que passa por um cristal da substância estudada.

Niels Bohr e Aage Niels Bohr

Considerado um dos fundadores da física atômica, o dinamarquês Niels Bohr foi premiado na categoria da Física em 1922, por suas pesquisas sobre a estrutura atômica e a radiação emanada pelos átomos. Ele descobriu que os átomos possuem níveis de energia e que os elétrons podem transitar entre esses níveis, trocando energia.

Em 1975, seu filho, Aage Niels Bohr, recebeu o Nobel na mesma categoria pela descoberta da conexão entre o movimento coletivo e o movimento individual de partículas no núcleo dos átomos, que levou ao desenvolvimento da teoria da estrutura do núcleo atômico.

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Da esquerda para a direita, Aage e seu pai, Niels Bohr Foto: Wikimedia Commons

Hans von Euler-Chelpin e Ulf von Euler

Hans von Euler-Chelpin foi um químico sueco e se tornou um laureado na categoria Química por sua pesquisa sobre o papel das enzimas na fermentação do açúcar em 1929. Seu filho, Ulf von Euler, recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1970. Ulf realizou descobertas sobre transmissores em terminações nervosas e o mecanismo pelo qual eles podem ser armazenados, liberados e inativados.

Arthur Kornberg e Roger D. Kornberg

O bioquímico americano Arthur Kornberg recebeu o Nobel de Medicina em 1959, quando seu filho Roger tinha 12 anos. Sua descoberta mostrou como os ácidos ribonucleico e desoxirribonucleico são produzidos pelo organismo. As substâncias são responsáveis por codificar e traduzir as informações para a síntese de proteínas, além de relacionadas ao mecanismo de funcionamento das células.

Roger foi premiado na categoria Química em 2006, em decorrência de seus estudos sobre a base molecular da transcrição eucariótica, ou seja, sobre como a informação é copiada do DNA para o RNA.

Manne Siegbahn e Kai M. Siegbahn

Em 1924, Manne Siegbahn ganhou o Nobel de Física por um trabalho pioneiro em espectroscopia, que estuda a interação entre radiação eletromagnética e a matéria. Seu filho, Kai, também era um pesquisador da área, e venceu na mesma categoria em 1981 com o desenvolvimento de uma técnica de espectroscopia de elétrons de alta resolução.

Joseph John Thomson e George Paget Thomson

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J. J. Thomson conduziu estudos sobre como os gases conduzem eletricidade, que permitiram que ele descobrisse o elétron como uma parte do átomo e lhe renderam o Nobel de Física na sexta edição da premiação, em 1906. George repetiu o feito do pai em 1937, com experimentos que mostraram que os elétrons podem se comportar como ondas.

Jan Tinbergen e Nikolaas Tinbergen

O economista holandês Jan Tinbergen foi o 1º a receber o prêmio de ciências econômicas, em 1969, ano seguinte à sua criação. O seu feito foi ter desenvolvido e aplicado modelos dinâmicos para a análise de processos econômicos. Já seu irmão, Nikolaas Tinbergen, era etologista (área da biologia que estuda o comportamento animal), e se tornou um laureado na categoria de Medicina em 1973 por estudos sobre a organização do comportamento individual e social de animais.

Da esquerda para a direita no início da fileira, os irmãos Jan Tinbergen e Nikolaas Tinbergen Foto: Wikimedia Commons

Gerty Cori e Carl Cori

Além de Marie e Pierre Curie e Irène Joliot-Curie e Frédéric Joliot, outros quatro prêmios foram divididos por pesquisadores que formavam casais na época da entrega do Nobel. Os bioquímicos Gerty e Carl Cori foram premiados na categoria Medicina em 1947, por seu trabalho que elucida o glicogênio, reserva de energia das células, e o metabolismo da glicose pelo organismo. Eles foram colegas de faculdade, se casaram e migraram da Áustria para os Estados Unidos. Durante três décadas, trabalharam juntos em pesquisas sobre como os hormônios e as enzimas interagem.

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Gerty Cori e Carl Cori migraram para os Estados Unidos em meio ao crescimento do antissemitismo, no fim da década de 1920 Foto: Wikimedia Commons

Alva e Gunnar Myrdal

Os Myrdal eram cientistas sociais proeminentes na década de 1930, com pesquisas focadas na promoção do bem-estar social. Eles são o único casal premiado em categorias diferentes. Gunnar recebeu o prêmio de Ciências Econômicas em 1974, por estudos sobre a inter-relação entre processos políticos, sociais e econômicos. Alva, por sua vez, foi agraciada com o Nobel da Paz em 1982, em virtude de seu trabalho pelo desarmamento e por zonas livres de armas nucleares.

Alva e Gunnar Myrdal são o único casal laureado pelo Prêmio Nobel em diferentes categorias Foto: Wikimedia Commons

May-Britt e Edvard I. Moser

Os neurocientistas noruegueses May-Britt e Edvard Moser receberam o Nobel de Medicina em 2014, por descobertas sobre o funcionamento do sistema de localização do cérebro, chamado de “GPS interior”. Hoje, eles não são mais casados, mas continuam trabalhando em parceria para desvendar o funcionamento do cérebro humano.

O Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2014 foi dividido entre dois: uma metade para John O'Keefe e a outra para o casal de cientistas May-Britt Moser e Edvard Moser por suas descobertas das "células de localização", que formam no cérebro um sistema de posicionamento, permitindo que a pessoa se oriente no espaço. As células foram descritas como uma espécie de "GPS interno". Foto: A. Mahmoud / Instituto Karolinska

Esther Duflo e Abhijit Banerjee

O casal de economistas Esther Duflo e Abhijit Banerjee desenvolveu uma abordagem experimental para combater a pobreza mundial, que foi reconhecida pelo prêmio de Ciências Econômicas em 2019. O método sugere que a questão seja dividida em temas menores e mais específicos (como saúde e educação), a nível individual ou coletivo, para que cada um seja combatido de forma mais assertiva com um experimento de campo planejado especialmente para ele.