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Raio mata banhista em Praia Grande: quantos morrem no Brasil? Onde há mais casos? Como se proteger?

Óbitos ocorrem principalmente na primavera, verão e outono; descarga elétrica matou idosa no litoral de São Paulo nesse sábado, 20

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Foto do author José Maria Tomazela
Atualização:

Oito banhistas foram atingidos nesse sábado, 20, por um raio em Praia Grande, no litoral de São Paulo - uma mulher de 60 anos morreu e os demais ficaram feridos. O caso reacendeu o alerta sobre os cuidados para evitar acidentes desse tipo em locais abertos, como praias e piscinas.

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De 2013 a 2022, ao menos 835 pessoas perderam a vida por raios no Brasil, média de 83,5 mortes por ano. O país é campeão mundial em incidência de raios, com cerca de 78 milhões de descargas todo ano, segundo estudo do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O levantamento analisou o impacto dos raios no Brasil na última década, incluindo pela primeira vez as hospitalizações e também mortes de gados. O estudo reúne, além de dados do Elat, informações do Departamento de Informações e Análise Epidemiológica do Ministério da Saúde, veículos da imprensa e dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Registro de chuva forte com raios, granizo e ventania na cidade de São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A pesquisa revela que, ao longo da última década, tem-se observado uma tendência de queda no número de mortes por raios. No entanto, o levantamento demonstra que o número de óbitos ainda é consideravelmente alto em comparação com outros países. “A cada 50 óbitos no mundo, um acontece no Brasil, que é o segundo país na América Latina com o maior índice de mortes causadas por raio, atrás somente do México”, disse o coordenador do Elat, Osmar Pinto Junior.

O número de mortes no Brasil é cerca do dobro dos óbitos na República Democrática do Congo e o triplo do número de mortes nos Estados Unidos, os dois países com mais raios após o Brasil.

Os dados mostram que as mortes ocorrem principalmente na primavera, verão e outono, e as circunstâncias mais comuns são pessoas em áreas abertas no meio rural (27%) e pessoas dentro de casa em contato com objetos ligados à rede elétrica ou telefônica (24%). “As fatalidades são uma combinação de muito raio, muita gente, mas também depende dos hábitos. Em São Paulo, com população muito maior, as pessoas trabalham em escritórios, enquanto no Norte elas trabalham mais ao ar livre, ficando mais expostas”, disse.

Queda de raio na zona norte de São Paulo; primavera, verão e outono têm aumento de registros Foto: Werther Santana/Estadão - 05/03/2023

Os Estados do Pará e do Amazonas ocupam as primeiras posições no ranking de mortes de pessoas por raios, apesar de estarem classificados em nono e décimo quinto lugares entre os Estados em termos de população. Nos últimos dez anos, o Pará registrou 88 óbitos e apresenta uma taxa média de 1,16 mortes por ano por milhão de habitantes. Já o Amazonas registrou 78 óbitos e uma taxa de 2,23, a maior dos Estados brasileiros.

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Na última década, 266 pessoas foram hospitalizadas após serem atingidas por raios no Brasil, o que representa aproximadamente 32% do número total de mortes causadas por essas descargas elétricas, e esse número vem aumentando. O Estado de São Paulo lidera o ranking, com 48 pessoas hospitalizadas, e Tocantins registrou o menor número de hospitalizações no período, com sete casos.

Em entrevista à rádio Eldorado, Pinto Junior explicou também que, como a maioria dos óbitos ocorre ao ar livre, buscar abrigo dentro de um veículo ou de um imóvel é uma medida de segurança. Deve-se evitar o contato com aparelhos elétricos conectados à tomada e tomar banho durante a tempestade.

Sobre os mitos, ele reforça que “um raio cai sim duas vezes no mesmo lugar. Prova disso é o Cristo Redentor, no Rio, atingido por até 6 raios por ano”. Esconder espelhos também é uma crendice popular inócua para se proteger porque o utensílio não atrai descargas elétricas.

Raios são vistos nas proximidades do Palácio do Planalto em Brasília Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO - 28/09/2023

Gado morre mais

Foram registradas 3.262 mortes de gado devido a descargas elétricas atmosféricas no País na última década. O levantamento mostrou que esse número é 3,9 vezes maior do que o número de vítimas humanas. Há mais gado do que gente no Brasil, mas não nessa proporção: são 203 milhões de habitantes e 234 milhões de bovinos, segundo o IBGE.

Conforme o coordenador, além da maior exposição dos animais aos raios, pois vivem em áreas abertas, os bovinos costumam se agrupar sob árvores e próximos a cercas com arame. “Por isso, geralmente, o raio mata mais de um animal”, disse.

O Mato Grosso lidera o ranking dos 12 Estados em que mais morrem gado por raios. São Paulo e Mato Grosso do Sul ocupam a segunda e a terceira posição.

Como se proteger dos raios?

  • Busque abrigo dentro de um veículo ou de um imóvel
  • Evite o contato com aparelhos elétricos conectados à tomada
  • Evite tomar banho durante a tempestade.

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