Quanto tempo dura o efeito do ‘cogumelo mágico’ no cérebro?

Estudo indica que uso de substância alucinógena pode alterar percepções de espaço e tempo por até três semanas

PUBLICIDADE

Por Pedro Pannunzio

Pesquisadores investigaram a ação dos “cogumelos mágicos” no cérebro humano e descobriram que alguns efeitos causados pela “viagem” podem durar algumas semanas. O estudo foi publicado na revista científica Nature.

PUBLICIDADE

Sete voluntários foram selecionados para ingerir o equivalente a 5g de cogumelos - um dose considerada alta pelos pesquisadores. Em seguida, ainda sob efeito alucinógeno, eles entraram em uma máquina de ressonância magnética, para que a atividade cerebral pudesse ser acompanhada.

Apesar dos exames indicarem uma volta ao “normal” no dia seguinte à ingestão da substância alucinógena, os pesquisadores notaram queda na atividade cerebral de áreas responsáveis pela memória e percepção do espaço e tempo. Essa alteração durou três semanas.

Psilocibina contida nos cogumelos causa o efeito alucinógeno e distorções sensoriais. Foto: Denis/Adobe Stock

Os pesquisadores selecionaram participantes que já tinham histórico de uso de substâncias alucinógenas. “Um requisito era que os voluntários tivessem tomado um psicodélico em algum momento de suas vidas, porque estavam tomando uma dose alta e, sob efeito da psilocibina, entrariam em um ímã grande, barulhento e claustrofóbico. Queríamos garantir que eles seriam capazes de tolerar isso”, disse Joshua Siegel, um dos autores do estudo, ao jornal The Guardian.

Apesar do exigente processo de seleção, Sigel contou que havia muitos voluntários dispostos a contribuir com a pesquisa. “Não tivemos dificuldade em encontrar participantes”, disse.

Publicidade

Cada participante realizou aproximadamente 18 ressonâncias magnéticas - antes, durante e depois da ingestão da substância alucinógena. A “psilocibina”, mencionada pelo pesquisador, é a substância contida nos cogumelos que causa o efeito alucinógeno e as distorções sensoriais.

Os participantes do estudo foram divididos em dois grupos: um que tomou 25 miligramas de psilocibina e o outro ingeriu 40 miligramas de metilfenidato, substância usada para estimular o sistema nervoso central, que é a base da Ritalina, medicamento comumente utilizado para tratar o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Entre uma e duas semanas depois, os grupos foram invertidos. A ideia dos pesquisadores era criar uma base de comparação entre as duas substâncias. “A psilocibina interrompeu drasticamente a conectividade funcional no córtex e no subcórtex, causando uma mudança mais de três vezes maior do que o metilfenidato”, diz o artigo.

Leia aqui o estudo completo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.