O lançamento do filme Oppenheimer nesta quinta-feira, 20, renovou a curiosidade sobre a história do físico teórico americano Julius Robert Oppenheimer (1904-1967) e o seu papel na criação da bomba atômica.
O longa, dirigido por Christopher Nolan, aborda aspectos da vida pessoal do cientista e também de seu trabalho para o governo americano durante a Segunda Guerra Mundial. Oppenheimer (vivido no filme pelo ator Cillian Murphy) liderou o Projeto Manhattan, responsável pelo desenvolvimento das primeiras armas nucleares, e se tornou mundialmente conhecido como “o pai da bomba atômica”.
Filho de um casal de imigrantes judeus de origem alemã que fizeram fortuna no setor têxtil nos Estados Unidos, Oppenheimer nasceu em 22 de abril de 1904, em Nova York. Ele estudou química na Universidade de Harvard e, após concluir o curso, seguiu para Europa, onde continuou seus estudos na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e no Instituto de Física Teórica da Universidade de Gôttingen, na Alemanha.
De volta aos EUA, Oppenheimer se tornou professor em Harvard e, um pouco mais tarde, no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e na Universidade da Califórnia em Berkeley. Com o início da Segunda Guerra, ele financiou a saída de físicos da Alemanha nazista, apoiou movimentos contra o fascismo e contribuiu com o partido comunista. Ele acabou se relacionando com uma ex-integrante do partido, a bióloga alemã Katherine Puening, com quem teria dois filhos.
Depois da invasão da Polônia pela Alemanha nazista, em 1939, os físicos Albert Einstein, Leo Szilard e Eugene Wigner alertaram o governo americano do perigo que seria para a humanidade se os nazistas fossem os primeiros a desenvolver uma bomba nuclear.
O alerta foi crucial para a decisão do governo americano de criar, em 1942, o Projeto Manhattan, uma iniciativa desenvolvida em conjunto com Canadá e Reino Unido, e convocar Oppenheimer para liderá-lo. O físico foi encarregado de estabelecer e dirigir o Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México, onde foi testada com sucesso a primeira bomba atômica, em 1945.
Oppenheimer lamentou que a bomba não tenha ficado pronta a tempo de bombardear os alemães e apoiou o bombardeio de à cidade japonesa de Hiroshima, em 6 de agosto daquele ano, matando, instantaneamente, 80 mil pessoas. Estima-se que danos posteriores relacionados à radiação tenham causado a morte de até 60 mil pessoas. Três dias depois, os EUA lançaram uma segunda bomba sobre a cidade japonesa de Nagasaki, matando outras 35 mil pessoas, desta vez já sem o apoio do físico. O Japão era aliado da Alemanha.
Oppenheimer logo demonstrou arrependimento por sua participação na criação da bomba e preocupação em relação a uma escalada armamentista mundial, tornando-se um defensor do controle internacional de armas nucleares. Ele defendia o uso civil da energia nuclear.
Fumante inveterado, o físico morreu em 1967, vítima de um câncer de garganta.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.