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Risco e recompensa: o que novo estudo mostra sobre sobrevivência de espécie de ave nas cidades

Pesquisadores analisaram as habilidades necessárias para que gralhas expandissem seu hábitos para as zonas urbanas

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Foto do author Ramana Rech

Um estudo feito com gralhas da espécie Quiscalus mexicanus mostra que a seleção em ambientes urbanos favorece machos, que têm maior sensibilidade para situações que os coloquem perigo. Os resultados do estudo foram publicados na plataforma eLife nesta terça-feira, 2.

Pesquisadores do Instituto de Antropologia Evolutiva Max Planck e do Instituto para Desenvolvimento Humano, na Alemanha, fizeram um experimento que consistia em duas etapas para entender as habilidades necessárias para animais se expandirem até zonas urbanas. Eles escolheram para o estudo a espécie Quiscalus mexicanus, que tem expandido de forma rápida seu habitar para as cidades da América do Norte.

Os Quiscalus mexicanus são uma das espécies que têm se expandido para zonas urbanas na América do Norte Foto: Roger Myers/Universidade de Michigan
  • A ideia era verificar as diferenças entre machos e fêmeas na procura do alimento. Primeiro, eles queriam examinar em quanto tempo as gralhas aprendiam onde a comida estava.
  • Em seguida, os pesquisadores mudaram a recompensa de lugar e observaram em quanto tempo os animais aprendiam a nova localização do alimento.

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Na primeira etapa, não houve diferença entre os dois sexos. Mas os resultados indicaram que as gralhas machos são mais rápidas do que as fêmeas para reaprender onde estão as comidas. Eles buscavam as opções que representavam o menor risco com base em experiências anteriores. Além de tomar decisões de forma mais rápida, os machos trocaram de opção menos vezes.

Já as fêmeas apresentaram uma maior sensibilidade ao alimento e processavam de forma mais rápida estímulos ligados às recompensas, enquanto os machos preferiam escolhas seguras.

  • Das duas estratégias de aprendizagem, a baseada em cautela se mostrou a mais eficiente em ambientes urbanos, conforme mostra o estudo.

Isso significa que animais que utilizam dessa estratégia são forasteiros mais eficientes em zonas urbanas. De acordo com um dos autores do estudo Dominik Deffner, os resultados dão uma ideia de como animais no geral podem ser bem-sucedidos em um mundo dominado por seres humanos.

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“Diferente das fêmeas, os machos apresentam uma aprendizagem de sensibilidade a risco mais pronunciada. Ou seja, eles prestam mais atenção em se eles encontraram comida em determinado lugar e, se sim, eles continuam a se alimentar naquela local, em vez de explorar outra localização”, explica Deffner.

Os pesquisadores explicam que o achado faz sentido do ponto de vista biológico, já que, nessa espécie de gralha, os machos são os responsáveis por se dispersarem por novos territórios e lideram as invasões às áreas urbanas. Por isso, precisam ter cautela em vizinhanças desconhecidas.

Depois que os primeiros machos de gralha chegam a cidade, vêm as fêmeas. Isso porque machos territorialistas atraem múltiplas fêmeas. A partir disso, elas recebem informações dos machos do que fazer. Isso também reduz os riscos de uma aprendizagem por conta própria e aumenta as chances de sobrevivência da espécie em um novo ambiente.

Nos últimos 150 anos, as gralhas Quiscalus mexicanus passaram a incluir um maior número de ambientes urbanos. Eles deixaram de ocupar apenas seu habitat natural na América Central e se expandiram para boa parte dos Estados Unidos. Alguns desses animais foram vistos até mesmo no Canadá.

Leia o estudo completo no eLife.

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