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Tecnologia de laser mapeia tamanho de antigas escavações de ouro em SP

História da mineração no Estado é antiga e remete ao início da colonização. No Jaraguá, cava operou durante os séculos 18 e 19

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Foto do author Ramana Rech

A partir de lasers que atravessam a vegetação, o Centro de Arqueologia de São Paulo (CASP) conseguiu mapear o tamanho de uma das escavações de onde era extraído de ouro na capital paulista. A cava, localizada no Jaraguá, zona norte de São Paulo, deve ter funcionado durante os séculos 18 e 19. Mas a história de mineração aurífera no local é ainda mais antiga. Em 1562, foram encontradas no Pico do Jaraguá as primeiras jazidas de ouro do Brasil.

Gravura produzida pelo mineralogista inglês John Mawe, em 1812, mostra "Uma visita na lavagem de ouro no Jaraguá, perto de São Paulo", como a obra é denominada no livro "Viagens ao interior do Brasil" Foto: John Mawe
  • As chamadas cavas são difíceis de serem identificadas porque boa parte está coberta por matas. Mas os feixes de lasers permitiram mapear o terreno em três dimensões e formar uma imagem 3D da área.
  • As cavas são de difícil ocupação até hoje por serem bastante íngremes. Os modelos construídos a partir da nova tecnologia conseguiram identificar com precisão que os buracos tem 20 metros de profundidade e 100 metros de extensão.

De acordo com o geólogo da CASP, Francisco Adrião Neves da Silva, o mapeamento é importante para ajudar na visualização da área. O geólogo explica que, por meio de uma visão aérea ou andando pelo terreno, não é possível ter uma ideia das dimensões da cava. “A gente fez a impressão 3D justamente para as pessoas poderem pegar na mão e olhar, dar uma ideia do tamanho e saber que aquilo existe de fato”, diz.

Área de tombamento da cava e indicação do córrego Santa Fé Foto: CASP-DPH-SMC/Reprodução

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O modelo foi elaborado em 2019, pouco tempo depois que a Prefeitura de São Paulo disponibilizou a tecnologia para levantamento de dados do município.

O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP) tombou as quatro cavas históricas de exploração de ouro em Jaraguá em 2012, após um relatório sobre as estruturas. O mapeamento 3D também foi publicado online.

Passado minerador

Por uma carta de 1562, o rei de Portugal e Brasil recebeu a notícia de que no atual Estado de São Paulo, nas proximidades de Jaraguá, teria ouro. A notícia veio antes mesmo da descoberta do Estado de Minas Gerais, onde houve grande parte da mineração brasileira. A partir disso, os paulistas partiram em expedições à procura de mais ouro.

Modelo impresso de uma das cavas de ouro de Jaraguá Foto: CASP-DPH-SMC/Reprodução

A região começou a ser explorada em 1600 nas margens do rio, com o chamado ouro de aluvião. O geólogo conta que as cavas foram construídas mais tarde, quando já se havia esgotado o minério das beiradas. Essas estruturas foram muito empregadas na mineração de Minas Gerais, em que o ouro é retirado do solo em encostas. A técnica, mais tarde, chegou até São Paulo.

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Francisco Adrião afirma que as encostas representam as últimas fases de exploração aurífera em Jaraguá, quando houve um retorno da exploração para o Estado paulista, já que a produção de ouro havia decaído em Minas Gerais.

Outra evidência da exploração de ouro em Jaraguá são estruturas identificadas como tanques de ouro. Tratam-se de caixas de alvenaria de pedra destinadas à lavagem do minério. Essas estruturas estão localizadas na reserva indígena Guarani.

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