Universo ‘em câmera lenta’: astrônomos registram efeito descrito há mais de 100 anos por Einstein

O efeito, conhecido como dilatação do tempo, é causado pela expansão contínua do Universo, como exposto pelo físico em 1915

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Foto do author Roberta Jansen
Atualização:

Astrônomos conseguiram registrar pela primeira vez o Universo se movimentando em câmera lenta nos primórdios de sua expansão, como previsto por Albert Einstein. Desde então, essa velocidade vem se acelerando progressivamente.

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O efeito inusitado estava previsto na Teoria da Relatividade Geral, lançada há mais de um século, mas só agora foi confirmada por cientistas que observavam os primeiros tempos do Universo, logo depois da explosão primordial, chamada de Big Bang.

A teoria de Einstein indicava que, se conseguíssemos ver eventos dos primórdios do Universo os veríamos em uma velocidade muito mais lenta do que a dos eventos atuais. O efeito, conhecido como dilatação do tempo, é causado pela expansão contínua do Universo, como exposto por Einstein em 1915.

A teoria de Einstein indicava que, se conseguíssemos ver eventos dos primórdios do Universo os veríamos em uma velocidade muito mais lenta do que a dos eventos atuais Foto: REUTERS/S.Brunier/ESO

Uma das consequências da expansão do Universo é que a luz é “esticada” conforme viaja através do Cosmos, fazendo com que suas ondas sejam cada vez mais compridas. Esse efeito faz com que galáxias mais distantes (ou seja, mais antigas) aparecem mais vermelhas do que realmente são, ou “desviadas para o vermelho”.

Mas o tempo também é esticado. Se um objeto muito distante pisca uma vez por segundo, por exemplo, a expansão do Universo vai fazer como que mais de um segundo se passe quando essa imagem, finalmente, chegar à Terra.

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Desta vez, os cientistas usaram quasares como relógios espaciais, conseguindo, dessa forma, medir a velocidade do tempo quando o Universo tinha “apenas” um bilhão de anos – menos de um décimo da idade atual.

“Olhando para trás, para um tempo em que universo tinha pouco mais de um bilhão de anos, vemos o tempo passar cinco vezes mais lentamente”, explicou o principal autor do estudo, Geraint Lewis, da Universidade de Sidney. “Se nós estivéssemos lá, neste Universo bebê, um segundo seria igual a um segundo mesmo; mas da nossa posição atual, mais de 12 bilhões de anos no futuro, os tempos primordiais parecem se arrastar.”

Uma das consequências da expansão do Universo é que a luz é “esticada” conforme viaja através do Cosmos, fazendo com que suas ondas sejam cada vez mais compridas Foto: Stefano Rellandini/Reuters - 9/7/2018

A equipe de Lewis reuniu dados de 200 quasares para a pesquisa. Quasares são buracos negros de grande massa no centro de antigas galáxias. Eles usaram os quasares como espécies de “relógios espaciais”, conseguindo, dessa forma, medir a velocidade do tempo quando o Universo tinha “apenas” um bilhão de anos.

“Graças a Einstein, sabemos que tempo e espaço estão entrelaçados e, desde os primórdios dos tempos, o Universo está se expandindo”, disse Lewis, cujo trabalho foi publicado na Nature Astronomy.

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