11 de setembro de 2001: veja filmes e livros sobre os atentados

Cinema e literatura trataram dos ataques às torres gêmeas com diversos tipos de registro

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Por Luiz Carlos Merten e André de Leones

Não é uma data redonda, mas na sexta,11, serão 19 anos do ataque às torres gêmeas. O 11 de Setembro virou um marco na consciência dos norte-americanos. No momento em que explodem nos EUA, como rastilho de pólvora, os maiores protestos raciais desde os anos 1960 – e o presidente Donald Trump, candidato à reeleição, tenta ganhar a maioria silenciosa com um discurso baseado na defesa da lei e da ordem -, vale lembrar de novo como o cinema abordou o assunto.

Cena do filme 'As TorresGêmeas' (2006), de Oliver Stone Foto: Paramount Pictures

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Dez filmes sobre os atentados de 11 de setembro de 2001

11 de Setembro

Onze diretores de todo o mundo se uniram em 2002 para fazer esse filme em episódios, cada um com nove minutos e 11 segundos (nine eleven) de duração, contando como o ataque ao World Trader Center foi visto/recebido em diferentes latitudes. Ken Loach e Denis Tanovic fizeram os filmes mais explosivos, comparando o 11 de Setembro dos norte-americanos com o bombardeio de La Moneda, com apoio dos EUA, que acabou com o governo da Unidade Popular do presidente Salvador Allende, no Chile, e o massacre de Srebrnica, na Guerra da Bósnia. A iraniana Samira Makhmalbaf retrata o episódio de dentro de uma sala de aula, com a professora tentando explicar o que se passou a crianças pequenas.

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Fahrenheit, 11 de Setembro

O documentário de Michael Moore, de 2004, resgata aquele momento em que o então presidente George W. Bush recebe o anúncio do ataque. Ele visita um jardim de infância na Flórida. Lê um livro infantil, fica com cara de pasmo, sem reação. O filme mostra como Bush fechou aeroportos, mas facilitou a vida de seus amigos sauditas. Num encontro prévio à intervenção no Afeganistão e no Iraque, assessores prometem – a destruição dos países será benéfica para todos. A reconstrução trará muito dinheiro para os investidores.

Sicko

Outro documentário de Michael Moorre, este de 2007. O sistemas de saúde privatizado dos EUA. O bombeiro que foi herói no 11 de Setembro, mas aspirou a cinza tóxica e não consegue tratamento nos EUA. Moore o coloca numa lancha, na Flórida, e vai até Cuba. Saúde para todos, na ilha de Fidel Castro. O bombeiro é atendido e ainda leva medicamentos para casa.

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As Torres Gêmeas

No seu longa de ficção, de 2006, Oliver Stone conta as história de dois agentes da Autoridade Portuária, Nicolas Cage e Michael Peña, que ficam presos nos escombros do World Trade Center depois de orientar a saída de centenas de pessoas em pânico.

Voo United 93

O longa semidocumerntário de Paul Greengrass, de 2006, reconstitui um dos momentos trágicos daquele 11 de Setembro. Terroristas controlam o voo United 93 e os próprios passageiros se mobilizam para derrubar a aeronave, abortando mais um ataque a instalações dos EUA.

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A Hora Mais Escura

Kathryn Bigelow fez história como primreira mulher a ganhar o Oscar de direção por Guerra ao Terror, de 2010. Na sequência, em 2012, emendou essa ficção sobre a caçada a Osama Bin Laden. Como ele foi encontrado e morto durante a filmagem, a produção teve de ser reformulada em pleno andamento.

O Terminal

A história do estrangeiro que fica preso dentro de um aeroporto no auge da paranoia provocada pelo 11 de Setembro. Os protocolos de segurança ficaram mais rígidos, mas ele colhe uma onda de simpatisa, apesar da dureza do oficial da imigração. Com esse filme de 2004, e sem que uma só referência seja feita ao ataque às Torres Gêmeas, Steven Spielberg iniciou uma trilogia informal, que inclui Guerra dos Mundos e Munique, ambos de 2005. Os três filmes formam o testemunho do autor sobre o que se passou na 'América'. No terceiro, sobre a caçada aos terroristas que atacaram atletas israelenses na Olimpíada de 1972, a premier Golda Meir clama por ética e diz a frase-chave - “Não podemos perder nossa alma em nome do combate aos que consideramos inimigos.”

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Dez livros sobre o atentado de 11 de setembro de 2001

Ficção contemporânea reflete sobre os atentados de 11 de setembro Foto: Ting-Li Wang/The New York Times

O Fundamentalista Relutante, de Mohsin Hamid Em um café em Lahore, um paquistanês conta sua vida para um turista norte-americano, incluindo como os atentados de 2001 o levaram a abandonar os Estados Unidos e a vida profissional e materialmente rica que levava lá. Estruturado como um longo monólogo, onde o interlocutor é uma sombra muda e o gesto derradeiro – violento ou não – é deixado em aberto. (Alfaguara; tradução de Vera Ribeiro)

Cidade Pequena, de Lawrence Block O autor policial, criador de personagens inesquecíveis como Matt Scudder, faz de Cidade Pequena um ousado painel sobre Nova York pós-11/09. Entre seus vários personagens, há o sujeito que, após perder a família nos atentados, entrega-se a uma espécie de vingança contra a própria cidade, assassinando seus concidadãos. (Companhia das Letras; tradução de Anna Viana)

Os Filhos do Imperador, de Claire Messud Parafraseando Philip Roth, “nada cumpre o que prometeu” nas vidas dos personagens de Messud. Os três protagonistas têm trinta e poucos anos, são privilegiados, egressos de boas escolas, mas vivem em desassossego. Assim, é como se a tragédia externa tornasse palpável o caráter cindido daquela geração – expresso desde a estrutura textual repleta de interpolações. (Nova Fronteira)

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À Sombra das Torres Ausentes, de Art Spiegelman Autor premiado com o Pulitzer, Spiegelman desenvolve aqui uma série de histórias por meio das quais, segundo ele próprio afirmou, conseguiu lidar com o choque sofrido. (Quadrinhos na Cia.; tradução de Antonio de Macedo Soares)

O Último Grito, de Thomas Pynchon Pynchon faz com que o leitor se perca “construtivamente” em um labirinto narrativo no qual o terror se imiscui aos poucos no próprio tecido da realidade. A certa altura, frente à “hiper-realidade” dos atentados, a protagonista quer se esconder no universo virtual onde se perdera pouco antes. (Companhia das Letras; tradução de Paulo Henriques Britto)

Extremamente Alto e Incrivelmente Perto, de Jonathan Safran Foer Após perder o pai “no pior dos dias”, o narrador (um menino de nove anos) empreende uma busca depois de encontrar uma chave entre os pertences do falecido. Os grafismos, imagens e textos sobrescritos usados por Foer não escondem o extremo sentimentalismo da narrativa – e a escolha final (um corpo que ascende em vez de cair) diz muito da incapacidade do autor de lidar com o trauma. (Rocco; tradução de Daniel Galera)

Homem em Queda, de Don DeLillo Embora seja um autor com muito mais recursos do que Foer, o veterano DeLillo também não conseguiu escrever um romance à altura de seus melhores trabalhos (Ratner’s Star, Ruído Branco, Libra, Submundo). Ainda assim, tem seus bons momentos, como o início e o final (o protagonista em meio aos escombros das torres), e o paralelo irônico dos terroristas islâmicos com um extremista ocidental, alemão, branco e ateu. (Companhia das Letras; tradução de Paulo Henriques Britto)

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Sons and Other Flammable Objects e The Last Illusion, de Porochista Khakpour Ainda inéditos no Brasil, os dois primeiros romances da autora norte-americana (nascida no Irã) se concentram na comunidade de imigrantes e descendentes iranianos em um momento histórico traumático para todos os envolvidos. Sons é uma história familiar de deslocamentos, ao passo que Illusion reimagina um mito persa na Nova York do começo do século 21.

The Zero, de Jess Walter Também inédito no Brasil, esse livro de Walter foi descrito pelo próprio autor como “um romance sobre o 12 de setembro”. Indo além, pode-se dizer que é um romance sobre os “estados alterados” dos EUA pós-11/9 com uma verve que remete a Joseph Heller. Quem conhece o autor de A Vida Financeira dos Poetas sabe que isso dificilmente é um exagero. Pela abordagem um tanto insana, o livro poderia ser colocado em uma sublista que inclui United States of Banana, da porto-riquenha Giannina Braschi (uma colagem que envolve metaficção, poesia, fragmentos narrativos e teatro), e a sátira também helleriana The Man Who Wouldn’t Stand Up, de Jacob M. Appel, onde um sujeito não se levanta para cantar God Bless America em um jogo de beisebol (e ainda mostra a língua para as câmeras de TV), inflamando o patriotismo obtuso de seus compatriotas e instaurando o caos.

American Widow, de Alissa Torres & Sungyoon Choi. Por fim, incluo essa graphic novel autobiográfica. Trata-se de um relato pungente da experiência de Torres – grávida, ela perdeu o marido nos atentados.

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