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A volta de Oskar Metsavaht, a alma da Osklen

Precursor no conceito de luxo sustentável no Brasil, empresário recompra participação na marca

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Foto do author Alice Ferraz
Momentos de Oskar Metsavaht: em desfile, com a filha Caetana, com Mick Jagger, com os filhos Thomas e Felipe e ao lado da prancha de surfe, seu hobbie. Foto: Fotocolagem de Thais Barroco sob fotos de Miguel Sá, acervo pessoal e divulgação/Osklen

Quando vendeu a Osklen para a Alpargatas em 2012, Oskar Metsavaht apostou nas mudanças e na gestão corporativa. “Houve melhorias na governança e na profissionalização da marca”, diz. No entanto, ele não imaginava que parte da cultura e da identidade da Osklen se perderia no processo. Por isso, recomprou sua participação e está de volta ao comando. “Acredito na alma do projeto”, afirma. E, embora não se considere um executivo, está cercado de profissionais que o auxiliam na empreitada de fortalecer práticas sustentáveis, o DNA da Osklen. “O design, a qualidade e o impacto positivo precisam andar juntos. O que criamos hoje molda o mundo de amanhã.”

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Inspirado pelas paisagens icônicas do Rio de Janeiro, o fundador da Osklen, foi muito além da moda made in Brazil que criou. Ele foi precursor na definição do conceito de “luxo sustentável” no país. A Osklen foi pioneira em iniciativas ambientais, como a recuperação das dunas no Posto 10 de Ipanema e o desenvolvimento de peças sustentáveis a partir da pele de pirarucu. Agora, essa filosofia se reflete na segunda geração da família: seus filhos assinaram sua primeira coleção cápsula para a marca.

Em 2009, com o apoio de biólogos do Jardim Botânico e do poder público, Metsavaht patrocinou, por meio da Osklen, a revitalização das dunas de Ipanema, que estavam praticamente destruídas. Quinze anos depois, a área se tornou uma reserva de biodiversidade, um exemplo de preservação e um cartão-postal do Rio. Para Oskar, essa transformação simboliza um compromisso essencial: “Cada um de nós ama sua cidade, mas o que fazemos para cuidar dela? Precisamos retribuir”, afirma.

A relação entre moda e meio ambiente também se reflete na escolha de materiais inovadores para suas coleções. Ao conhecer o pirarucu, peixe amazônico cuja pele era descartada após a pesca, ele enxergou um potencial desperdiçado. Em parceria com a Nova Kaeru, desenvolveu um processo sustentável de curtimento e tingimento. O impacto foi direto: as cooperativas locais viram um aumento de até 20% em sua renda, transformando o que antes era resíduo em um produto de luxo. “Esse é o novo luxo”, diz Oskar. “Não é sobre o que vem de fora, é sobre valorizar a biodiversidade brasileira.”

Essa proposta de sustentabilidade é compartilhada com seus filhos, Caetana (32), Thomas (29) e Felipe (25). O trio cresceu imerso nessa cultura de responsabilidade ambiental e está comprometido com ela. “ Foi tudo muito natural. Eles nunca se sentiram na obrigação de fazer nada, mas são os novos espíritos da marca, né? Têm o mesmo DNA, mas com um olhar mais jovem. Então, está muito interessante acompanhar. Eles entendem que nossas escolhas impactam o mundo. A coleção cápsula deles foi um sucesso.”A visibilidade internacional de seu trabalho cresceu, levando sua visão para passarelas e museus. Sua bolsa de pirarucu é a única peça de moda brasileira no acervo do Victoria & Albert Museum, em Londres, consolidando seu papel como pioneiro da moda sustentável. Agora, ele se prepara para mais um grande marco: em 2026, seu design estará presente nas Olimpíadas de Inverno de Milão, em parceria com a Moncler. “Desenvolvi um look para um dos melhores esquiadores do mundo, que vai competir pela Noruega. Isso mostra como a moda sustentável pode dialogar com grandes eventos globais.”

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