A exposição “Tarsila do Amaral” no Musée du Luxembourg, em Paris, na França, reuniu cerca de 130 mil pessoas entre outubro de 2024 e o começo de fevereiro deste ano. Neste fim de semana, a mostra abriu na Espanha, no Museu Guggenheim de Bilbao, município no norte do país.
“É um número bem vultoso. São mais de 30 mil pessoas por mês, em média. Cerca de mil pessoas por dia. A Tarsila é uma artista brasileira que tem ganhado muita visibilidade. Vivemos uma grande revalorização do modernismo brasileiro. E ela é uma das artistas mais emblemáticas”, explica a doutora em História da Arte pela USP Rachel Vallego.
Rachel é curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo, responsável por seis das quase 150 obras que ficaram expostas na França e agora estão na Espanha — incluindo a famosa tela Operários, de 1933.
Obras do acervo do governo paulista emprestadas para mostra na Europa


A exposição em Paris, sob curadoria de Cecilia Brasch, foi marcada por paredes de cores vibrantes, o que exaltou as pinturas de Tarsila, na opinião de Rachel. “A maioria das exposições (sobre Tarsila) usa tons pastéis. Na capita francesa, fizeram combinações ousadas, mas que conseguiram dar um brilho, um calor a mais para a obra dela. Foi muito bonito ver a perspectiva de alguém de fora, de como alguém na França olha para uma artista brasileira e a apresenta para o público parisiense.”
No Museu Guggenheim Bilbao, com curadoria de Geaninne Gutiérrez-Guimarães, a escolha foi por paredes brancas. Na entrada, há um banner em grande escala da obra Urutu, de 1928. “Você desce a escada e vê o Urutu acima de você. É emocionante”, diz Rachel. “Ver obras ao vivo é uma coisa que não tem preço. Sobe o frio na espinha. Nada supera o contato efetivo com a obra de arte. A gente pode ver fotografias e reproduções mil. Mas, quando estamos de frente para a obra, a experiência vai além.”
Apesar da empolgação com as mostras internacionais, a curadora do acervo do governo paulista recomenda que os brasileiros não deixem de visitar as obras de Tarsila no Brasil. Nos Palácios do Bandeirantes, na capital paulista, e Boa Vista, em Campos de Jordão, no interior do Estado, há 16 obras da artista. Também há telas da modernista na Pinacoteca, no MASP e MAC-USP, em coleções privadas e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
“Às vezes, a gente valoriza muito mais visitar um museu quando viaja. Aí lembra da cultura e fala: ‘Uau, que incrível, olha esse museu’. Ao mesmo tempo, temos toda essa qualidade também no nosso país”, lembra a curadora.