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Livro resgata amor de Machado de Assis por pets

Editora prepara coletânea de contos, crônicas e poemas do escritor falando não só de cachorros como também de gatos, ratos, burros, cavalos, galos, corvos, canários e outros animais

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Foto do author Alice Ferraz
Atualização:

A Editora Fósforo está prestes a lançar Na Arca: Machado de Assis e os Animais, uma coletânea que reúne contos, crônicas e poemas com um olhar especial sobre a presença dos animais na obra do escritor.

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Organizada por Fabiane Secches e Maria Esther Maciel, com projeto gráfico de Flávia Castanheira e ilustrações de Gê Viana, a obra revela o carinho de Machado de Assis pelos pets. A ponto de se referir a si mesmo em cartas com apelidos como “Gatinho preto”.

Segundo as organizadoras, em vez de apenas figurantes, os animais ganham voz e relevância nas narrativas machadianas, refletindo a visão sensível e atenta do escritor sobre a natureza e seus habitantes.

“Animais de estimação, sobretudo cães, estão muito presentes na obra de Machado. É o caso do cão Quincas Borba, que atravessa o romance por vias irônicas após o falecimento de seu tutor filósofo de mesmo nome”, afirma Maria Esther Maciel.

Mural dedicado a Machado de Assis na Academia Brasileira de Letras Foto: Academia Brasileira de Letras/Divulgação

Outro exemplo está o conto Miss Dollar, no qual uma cadelinha é a principal referência. A arca machadiana ainda inclui gatos, ratos, burros, cavalos, galos, corvos, canários, borboletas, cigarras, aranhas, formigas, moscas, lagartos, lagartixas e pombas.

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“O que predomina nesses textos, entretanto, não é o sentimentalismo. Machado, mesmo ao incluir pets em suas histórias, não deixa de ironizar a pretensa soberania humana em relação às demais espécies”, explica Maria Esther.

Para Fabiane Secches, a maneira como Machado de Assis aborda os animais em sua obra é de uma “complexidade comovente”. Segundo ela, “é um olhar que ainda hoje é uma raridade de se encontrar na literatura e na vida cotidiana”. Este olhar único, que enxerga os animais não apenas como seres periféricos, mas como entidades com alma e personalidade, é um dos aspectos que, para a autora, tornam a literatura de Machado tão inovadora e encantadora.